É preciso analisar a convocação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo Feminina com moderação. Pia Sundhage levará à Austrália e à Nova Zelândia um elenco renovado, sim, porém não rejuvenescido. É estratégico e tem muito a ver com a fórmula vitoriosa usada pelos Estados Unidos fizeram na campanha da potência no tetracampeonato, há quatro anos, na França.
A lista das 23 convocadas mostra 11 estreantes. No entanto, a média de idade é quase a mesma em relação ao torneio de 2019. Oswaldo Alvarez, o Vadão (1956-2020), levou para a edição disputada na França um plantel com faixa etária de 27,5 anos. As eleitas da técnica sueca Pia Sundhage têm 27,4. Reforço: cuidado ao ouvir as palavrinhas renovação e rejuvenescimento.
Pia trocou nomes, sim, mas não perdeu o foco na data de nascimento —ponto de equilíbrio relevante, por exemplo, na conquista dos Estados Unidos na versão passada. “Renovamos a equipe e acredito que temos uma chance (de conquistar a Copa do Mundo). Quando falamos das mais novas, eu penso muito que qualquer uma delas pode estar nas Olimpíadas. Estar na Copa do Mundo vai ajudar muito a essas jogadoras”, argumentou Pia na entrevista coletiva.
Na prática, ela afirma que Gabi Nunes, Nycole Raysla, Antonia, Bruninha, Lauren, Adriana, Ary Borges, Duda Sampaio, Kerolyn, Ana Vitória e Camila Rodrigues, ou seja, as 11 marinheiras de primeira viagem a bordo do elenco, ficarão como legado para Paris-2024 e a Copa do Mundo de 2027, cujo candidato principal a anfitrião é justamente o Brasil.
A Seleção partirá para a Copa do Mundo com o segundo elenco mais velho em nove participações desde 1991 — ano da primeira edição da competição. O levantamento do blog Drible de Corpo em todas as listas aponta o grupo selecionado por Vadão, em 2019, como o mais velho (27,4 anos). As escolhidas por Pia Sundhage aparecem em segundo lugar no ranking (27,4).
A melhor campanha do Brasil é o vice-campeonato em 2007, na China. A média de idade da equipe liderada pelo técnico Jorge Barcellos era de 25,4 anos. Marta ainda tinha 21 anos. No terceiro lugar, em 1999, sob o comando de Wilsinho, o elenco exibia média de 23,9. Vale a ponderação: o futebol feminino vivia uma vibe totalmente diferente da atual, cada vez mais levada a sério. Profissionalizada.
Sem querer ou querendo, Pia Sundhage teve habilidade para adequar a faixa etária do elenco à dos grupos mais vencedores com os quais trabalhou. A média de idade dos EUA na conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 era de 25,6 anos. No bi, em Londres-2012, subiu para 28. Na edição do Rio-2016, Pia guiou a Suécia ao bronze com média de 27,6 anos. Ao selecionar jogadoras com 27,4 anos, a treinadora não contraria a própria biografia.
Recomendo olhar para os Estados Unidos a fim de entender a fórmula de Pia. As atuais campeãs do mundo conquistaram a Copa de 2019, na França, com média de 28,5 anos. O time titular na decisão do título contra a Holanda contava com cinco jogadoras na casa dos 30 anos e seis abaixo dessa idade. A mais jovem, Lavelle, tinha 24. A trupe de Jill Ellis entrou em campo na vitória por 2 x 0, em Lyon, com 28,8 anos. O equilíbrio na mesclagem foi um dos trunfos para suportar uma competição de exigência física e intensidade elevada. Ao mesmo tempo, de demanda por experiência. Isso não faltou aos EUA nem parece um problema para o Brasil em 2023.
“As jogadoras experientes serão importantes. É um equilíbrio que fazem com as mais jovens. Temos a Marta e a Kerolyn, que nunca foi para a Copa do Mundo. Gosto desta mistura e é apenas o começo. Isso pode ser a fórmula vencedora”, bancou Pia Sundhage na entrevista coletiva.
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