Copa do Brasil Fábio Gomes festeja gol da vitória do Galo: Brasiliense foi mandante em Cariacica. Foto: Pedro Souza/Atlético Fábio Gomes festeja gol da vitória do Galo: Brasiliense foi mandante em Cariacica. Foto: Pedro Souza/Atlético

Como o descaso com estádios públicos expôs o futebol candango ao ridículo na Copa do Brasil

Publicado em Esporte

O futebol candango passou vexame no fim de semana. Não estou falando da queda do Brasiliense na terceira fase da Copa do Brasil contra o Atlético-MG. A eliminação por 4 x 0 no placar agregado era esperada. Afinal, o Galo é o atual campeão do mata-mata nacional, do Brasilieirão, Supercopa do Brasil e Mineiro. Ostenta um dos elencos mais caros do país ao lado de Flamengo e Palmeiras. Portanto, tudo dentro da normalidade.

 

Anormal é a capital do país não ter um estádio público minimamente capaz de receber o confronto de volta. Sem um teto com capacidade mínima para 10 mil pessoas, o atual bicampeão do Distrito Federal teve de mandar a partida no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo, a 1.265km de sua torcida. Sem querer querendo a falta de local para o duelo virou oportunidade de negócio. O blog apurou que o mando de campo foi terceirizado e rendeu cachê de R$ 352.875,38 ao Jacaré. O público da partida foi de 5.675 pagantes e a renda, R$ 513.540,00. O clube de Taguatinga foi um dos três mandantes que jogaram fora de seus limites geográficos nesta fase. Portuguesa-RJ e Juazeirense-BA renderam Corinthians e Palmeiras, respectivamente, em Londrina (PR).


No caso específico do Brasiliense pesou a falta de estádio na capital. Privada, a Arena BRB Mané Garrincha tinha show de Gusttavo Lima marcado com antecedência. Administrado pelo GDF, o Bezerrão — aquele inaugurado em 2008 com badalado jogo da Seleção, palco do título brasileiro do São Paulo e sede do Mundial Sub-17 com investimento milionário da Fifa no gramado — está fechado por falta de… gramado! O Serejão, popular Boca do Jacaré, palco da final da Copa do Brasil 2002 entre o próprio Brasiliense e o Corinthians, não tem laudo. A situação impraticável das demais arenas da capital você confere no fim deste post. 

 

Em 9 de abril, mostrei no blog o descaso do Governo do Distrito Federal com os estádios de futebol vinculados a ele. Nenhum dos sete estádios usados no Candangão, por exemplo, são gerenciados pelo GDF. A Arena BRB Mané Garrincha é privada. O Defelê, na Vila Planalto, pertence ao Real Brasília. O JK, no Paraná, foi arrendado ao Capital. O Abadião é zelado por Ceilândia e Brasiliense, mas não tem espaço para 10 mil pagantes. 

 

Bezerrão (Gama), Augustinho Lima (Sobradinho) e o Rorizão (Samambaia), todos de responsabilidade do GDF, estão sucateados, totalmente sem condição de jogo. Dos 59 jogos do último Candangão, 18 tiveram de ser realizados no Entorno. As cidades goianas de Luziânia e Formosa, além da mineira Unaí, quebraram o galho da capital. 

 

Havia promessa de estádios em condições de uso no Candangão, mas não foram cumpridas. As passagens de Ceilândia e Brasiliense para a terceira fase da Copa do Brasil criou demanda por estádios com capacidade para mais de 10 mil pagantes. Todas as alternativas estavam indisponíveis. A Arena BRB Mané Garrincha recebeu show de Gusttavo Lima. Impossível conciliar com o departamento de competições da CBF.

 

Casa do Brasiliense, o Serejão, em Taguatinga, está sendo reformado pelo clube. O clube tentou realizar a partida fosse lá, mas a falta de laudos impediu o time de jogar em casa. Uma alternativa seria o Bezerrão, no Gama, mas o estádio está sem gramado desde a saída do hospital de campanha de dentro do campo. Danificado, está impraticável. 

 

Na temporada em que o futebol candango rompeu barreiras e voltou a figurar na terceira fase da Copa do Brasil, o governo local simplesmente não tinha arena pública disponível para Brasiliense e Ceilândia. O Gato Preto teve de alugar o Mané Garrincha no duelo de ida contra o Botafogo. O Brasiliense nem casa tinha. O descaso é péssimo para a imagem de uma cidade que torrou dinheiro para inaugurar arenas. Inaugurado em 2013, o novo Mané Garrincha consumiu R$ 1,5 bilhão. Lançado em 2008, o Bezerrão custou R$ 55,5 milhões.  

 

A CRISE DOS ESTÁDIOS NO DF

Onde foram os 59 jogos do Candangão

  • Abadião: 18 jogos (cuidado por Ceilândia, Brasiliense e administração de Ceilândia)
  • Serra do Lago: 12 (Prefeitura de Luziânia)
  • Juscelino Kubitschek: 10 (cuidado pelo Capital)
  • Defelê: 9 (cuidado pelo Real Brasília)
  • Urbano Adjuto: 4 (Prefeitura de Unaí)
  • Mané Garrincha: 4 (Arena BSB)
  • Diogão: 2 (Prefeitura de Formosa)

Ficaram fora da tabela

  • Adonir Guimarães: impraticável

  • Augustinho Lima: impraticável

  • Bezerrão: impraticável

  • Cave: impraticável

  • Chapadinha: impraticável

  • Metropolitana: impraticável

  • Ninho do Carcará: impraticável

  • Rorizao: impraticável

  • Serejão: em reforma bancada pelo Brasiliense

 

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