Representantes do Distrito Federal na Série D do Campeonato Brasileiro, Brasiliense e Gama estão fora da Copa do Brasil e precisam se vacinar contra a ilusão do Candangão. A média de gols do torneio é absurda: 3,62. Para se ter uma ideia, as Eliminatórias da Oceania para a Copa do Mundo de 2018, ou seja, a pior de todas as fases classificatórias, terminou com 3,03. Há quem ache excelente. Considero péssimo. Prefiro equilíbrio e uma pitada de qualidade técnica pelo bem da evolução no futebol da capital do país.
No sábado, o Gama goleou o Ceilândia por 6 x 0. O Brasiliense fez 8 x 0 no Ceilandense no dia seguinte. Ontem, passou por 5 x 0 pelo Ceilândia Dá impressão de que são dois timaços prontos para brilhar na quarta divisão. Só que não! Ambos caíram na primeira fase da Copa do Brasil contra Paysandu e Brasil de Pelotas. O DF não passa da primeira fase no mata-mata nacional desde 2016 e não figura na Série C desde 2014. Quando os dois times batem de frente com equipes minimamente mais organizadas do que os bambalas e arimateias que vemos por aqui, o resultado é o de sempre: eliminações precoces nas competições nacionais.
Defendo faz tempo que o Candangão precisa ser enxugado. É inadmissível ser disputado por 12 times. Com um pouquinho de boa vontade da minha parte, nós temos quatro equipes: Gama, Brasiliense, Real e Capital. E olhe lá. O nível técnico é baixíssimo. A competição deveria contar com oito times. Doze é a quantidade do Carioca! O Paulistão reúne 16.
O Campeonato Goiano tem 12 clubes. Bem mais competitivos do que os nossos, diga-se de passagem. E não estou falando de Goiás, Atlético-GO ou Vila Nova. Basta observar os resultados dos amistosos entre goianos e candangos realizados em dezembro e janeiro.
Os dirigentes do futebol candango perderam a noção em 2011. Até aquele ano, o Candangão era disputado por oito times. Em nome da política de boa vizinhança, resolveram virar a mesa. Brazlândia, Sobradinho, Luziânia e Legião subiram na segunda divisão de 2011. A partir de 2012, o número de participantes subiu para 12. E assim ficou até hoje.
Resultado: o Candangão deste ano lembra muito as Eliminatórias da Oceania para a Copa do Mundo. Não há nada pior do que os resultados daquelas partidas envolvendo Papua Nova Guiné, Nova Caledônia, Taiti, Samoa, Nova Zelândia, Ilhas Salomão, Fiji e Vanuatu. A Fifa teve compaixão da Austrália. Num atentado ao mapa-múndi, mandou os Cangurus competirem na Ásia a fim de evitar bizarrices como aquele 31 x 0 sobre Samoa Americana, em 2001.
Brasiliense e Gama jogaram de igual para igual, respectivamente, contra Paysandu e Brasil de Pelotas. Mas isso não basta. A rotação do jogo é uma contra os “Ceilândias” e “Ceilandeses” da vida, e outra contra times tradicionais do Pará e do Rio Grande do Sul.
Sim, o regulamento das fases iniciais da Copa do Brasil é esdrúxulo. Concordo. Brasiliense e Gama se despedem invictos do torneio. Mereciam a chance de disputar o jogo de volta em Belém ou Pelotas. Mas não adianta colocar a culpa na bula do remédio. É preciso combater o mal que o Candangão — do jeito que está — faz a quem se ilude com ele e toma um choque de realidade em competições como a Copa do Brasil e a Série D do Brasileirão.
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