O sim de Dorival Júnior ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, encerra um hiato de 24 anos. A Seleção Brasileira não tinha um técnico paulista desde a posse de Émerson Leão, que havia recebido o cargo de um interino paulista: Candinho. O ex-goleiro nascido em Ribeirão Preto tomou posse em 2000. Depois dele, houve um domínio da escola gaúcha. Luiz Felipe Scolari, Dunga, Mano Menezes e Tite protagonizaram uma soberania do Rio Grande do Sul. O carioca Carlos Alberto Parreira e o mineiro Fernando Diniz também passaram pelo cargo. Portanto, Dorival Júnior quebra o tabu. Neste domingo, durante o velório de Mário Jorge Lobo Zagallo na sede da CBF, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, Ednaldo foi questionado sobre o novo técnico, mas disse que só falaria sobre Zagallo. No entanto, Dorival deu sinal verde ao dirigente, comunicou o São Paulo e o presidente Julio Cesar Casares procura substituto. Muricy Ramalho é o preferido.
Em nota oficial, o São Paulo se antecipou ao departamento de comunicação da CBF e confirmou o acerto, inclusive com uma declaração de Dorival Júnior. “É a realização de um sonho pessoal, que só foi possível porque tive o reconhecimento do trabalho desenvolvido no São Paulo. Por isso tenho de agradecer por ter feito parte desse importante período de reconstrução, liderado com competência pela presidência e pela diretoria. Com o investimento na infraestrutura e o planejamento dos últimos anos, o Clube está preparado para receber os mais qualificados profissionais do mercado. Agradeço também à torcida por todo o carinho e apoio”, disse Dorival Júnior, protagonista do título inédito do São Paulo na Copa do Brasil de 2023.
O presidente Julio Csares comenta: “O convite feito ao Dorival é mais uma prova de que estamos no caminho certo. Em 2021, a CBF já havia chamado Muricy Ramalho, que seguirá no São Paulo até o fim da minha gestão. Agora, foi a vez do Dorival, que tinha uma proposta de reajuste e ampliação do contrato com o São Paulo também até o fim da minha gestão, em 2026, com todas as garantias para uma estabilidade. Resta desejar boa sorte em seu novo desafio”.
Aos 61 anos, o treinador natural de Araraquara, cidade localizada a 200km da capital, tem um conterrâneo para se inspirar. Mentor do primeiro título do Brasil na Copa do Mundo, em 1958, Vicente Feola era paulistano. Coube a ele comandar o timaço de Pelé, Zagallo e companhia na conquista inédita contra a anfitriã Suécia.
Um dirigente ligado a Ednaldo Rodrigues confirmou o acerto ao blog com um suspiro de alívio seguido de uma informação. “Sim, graças a Deus”. O empresário Edson Khodor teria ido ao Rio de Janeiro e sacramentou o negócio. Dorival Júnior sucede o interino demitido Fernando Diniz com três títulos conquistados nos últimos 15 meses: uma Copa do Brasil pelo Flamengo, outra no São Paulo e uma Libertadores pelo clube carioca. Assim como na parceria familiar entre Tite e Matheus Bachi, Dorval levará o filho Lucas Silvestre para a comissão técnica. Dorival Júnior também não costuma abrir mão de dois profissionais — o assistente Pedro Sotero e o preparador físico Celso Rezende.
O novo treinador da Seleção acumula passagem por sete dos 12 times mais tradicionais do país. Em São Paulo, comandou o São Paulo, o Palmeiras e o Santos. No Rio, passou por Flamengo, Fluminense e Vasco. Em Minas Gerais, prestou serviços para Atlético-MG e Cruzeiro. No Rio Grande do Sul, comandou o Internacional.
Dos 20 clubes candidatos ao título da Série A do Campeonato Brasileiro em 2024, 12 foram comandados por Dorival Júnior: Fortaleza, Criciúma, Juventude, Cruzeiro, Vasco, Atlético-MG, Internacional, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, São Paulo e Athletico-PR.
Dorival Júnior ficou magoado depois do fim da era Tite. Ele esperava ter sido convidado para assumir a Seleção Brasileira devido ao peso das conquistas pelo Flamengo antes da Copa do Mundo de 2022. Depois de levar o São Paulo ao título da Copa do Brasil contra o mesmo Flamengo, o treinador desabafou contra quem tentou minimizar o trabalho recente dele em dois times gigantes do futebol brasileiro. O sistema de jogo era considerado feijão com arroz.
“O que é o simples no futebol? Gostam de dizer que determinado treinador é ‘paizão’, por isso ele dá certo. Não é assim. No futebol, o paizão vai até a primeira semana”, disparou. “Se você não tiver conteúdo, organização, disciplina, se você não apresentar soluções, se não desenvolver essas soluções no campo, não mostrar que tem entendimento do que está sugerindo… Pode ter certeza de que o paizão não passa de 15 dias”, emendou.
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