Há quatro anos, um garoto de Santa Maria se tornava o primeiro jogador nascido no Distrito Federal a conquistar a medalha de ouro no torneio de futebol masculino dos Jogos Olímpicos. Felipe Anderson fez parte do elenco liderado por Rogério Micale na Rio-2016. Disputou quatro das seis partidas, incluindo a finalíssima contra a Alemanha, no Maracanã. Uma das virtudes do meia do West Ham é jamais ter esquecido as origens. Convocado para o Pré-Olímpico de Tóquio-2020, de 18 de janeiro a 9 de fevereiro, na Colômbia, o brasiliense Reinier Jesus Carvalho segue o mesmo roteiro. “Uma gratidão imensa minha e da minha família que está aqui”.
No ano em que estreou como jogador profissional, o jogador conquistou o Campeonato Brasileiro, a Libertadores e foi vice-campeão mundial. Fez 6 gols em 15 jogos, virou praticamente o 12º jogador do elenco e só não participou da campanha do tetra no Mundial Sub-17 porque o Flamengo não cedeu a cria ao treinador Guilherme Dalla Dea. Reinier seria o camisa 10 da Seleção.
Três jogadores nascidos no DF conquistaram a Libertadores: Amoroso em 2005 (São Paulo), Felipe Anderson em 2011 (Santos) e Reinier em 2019 (Flamengo). Felipe Anderson é o único que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, feito que Reinier tentará igualar
No dia em que fez o primeiro como jogador de elite do Flamengo na vitória sobre o Avai, no Mané Garrincha, perguntei a Reinier qual é o cantinho preferido dele no quadradinho do Distrito Federal. Ele respondeu: “O campinho da QI 1 do Guará, onde tudo começou”. Ao organizar a pelada com os amigos no point preferido, o craque de 17 anos mostrou, como Felipe Anderson, que não se esqueceu das origens e ganhou a bênção da comunidade para cumprir a missão que terá sob a batuta de André Jardine.
Acima da média, Reinier não para de queimar etapas. Acumula milhas nas seleções sub-15, sub-17 e em breve debutará na sub-23 antes mesmo de passar pela sub-20. Por sinal, ele tem idade para participar do próximo Mundial da categoria em 2021, na Indonésia, mas o caminho está pavimentado para ele vestir em breve a camisa de um gigante europeu e não ser liberado.
Na passagem pelo Guará, Reinier teve a chance de relaxar um pouco nesta quinta-feira. Vestiu os amigos da infância com uma camisa da Puma, a marca que venceu a disputa com a Adidas para tê-lo como garoto propaganda. Por sinal, a queda de braço entre as duas grifes quase foi parar na Justiça. O acordo de Reinier com a Puma dura até 2020, mas não deve ser renovado. A tendência é que vista Adidas ao término do acordo. Um cláusula do texto prevê que a Puma tem o direito de saber sobre qualquer oferta ao pupilo. Daí o risco de o caso parar no tapetão.
Enquanto isso, Reinier faz o que a idade permite: se diverte. Com os cofres abastecidos pelo depósito feito pelo Flamengo nesta quinta-feira referente às premiações pelos títulos do Brasileirão e da Libertadores, fez seis gols na pedada com os parças. Segundo o colega Amarildo Castro, que esteve na QI 1 do Guará, o time de Reinier venceu por 12 x 8, mas o gol de placa do craque foi ter levado alegria à comunidade que viu o filho de dona Suzana e seu Mauro crescer, evoluir, sem jamais dar as costas ao canto preferido no quadrado do DF.
Superado o desgaste entre a CBF e o Flamengo, que não liberou Reinier para o Mundial Sub-17 conquistado pelo Brasil, o técnico Jardine tem certeza de que contará com a joia rubro-negra. O clube carioca celebrou a convocação nas redes sociais, deu sinal verde para o jovem se apresentar e o mais importante: Reinier quer disputar o Pré-Olímpico e abriu mão dos 30 dias de férias e se apresentará na Granja Comary, em Teresópolis, a partir de 3 de janeiro.
Boa sorte no Pré-Olímpico, Reinier!
E, quem sabe, repita o feito do conterrâneo Felipe Anderson.
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