De forma aleatória ou programada, Adenor Leonardo Bachi bateu meta fundamental para a conquista da França, atual campeã, na Copa do Mundo de 2018. Há quatro anos e meio, Didier Deschamps convocou 16 jogadores estreantes para a campanha do bi, na Rússia. Dos 23, sete tinham pelo menos uma participação no torneio. Qualquer semelhança é mera coincidência: dos 26 eleitos por Tite para embarcar rumo ao Catar, 16 são marinheiros de primeira viagem.
Um dos trunfos daquela França foi o trabalho de renovação. O time era forte na Copa de 2014, mas as mudanças de estoque na lista para 2018 fortaleceram os Bleus. Calouro, Kylian Mbappé mudou o patamar do ataque. O setor era forte na campanha de 2014. Já contava com Benzema e Griezmann. A chega de Mbappé, aos 20 anos, agregou poder ofensivo e o principal — o título.
Guardadas as devidas proporções, Vinicius Junior é o “Mbappé” de Tite. O novato de 22 anos pode incendiar o time na Copa da Rússia com velocidade, dribles e gol. Calouros como Antony, Raphinha e Gabriel Martinelli também oferecem características parecidas com a do diamante do Real Madrid. Vini ostenta bola na rede decisiva na final da última Champions League.
Os 16 estreantes da atual campeã França em 2018
- Pavard, Kimpembe, Umtiti, Lemar, Mbappé, Dembele, Tolisso, Kanté, N’Zonzi, Rami, Fekir, Sidibé, Thauvin, Lucas Hernández, Mendy e Areola
Tite respondeu pergunta do colega Raphael Zarko do GE.com sobre a quantidade de calouros na lista. Admitiu o peso da milhagem em uma Copa do Mundo, mas ponderou: “Experiência conta, assim como conta o momento, como conta a capacidade de concentração do atleta. Uma série de fatores são levados em consideração. A carreira toda, o nível que se mantém”.
A quantidade de estreantes da França na Copa de 2018 prova que isso não é problema. A mescla entre sete jogadores experimentados no Mundial e 16 novatos deu certo. Houve equilíbrio. Tite mesclará no Catar 10 remanescentes das edições de 2010, 2014 e 2018 com 16 estreantes. A fórmula pode dar certo. Pondero apenas a necessidade de um acompanhamento psicológico. Não há certeza de que todos os novatos desembarcarão, em Doha, livres, leves e soltos.
Os 16 estreantes do Brasil na Copa de 2022
A última edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, deixou um legado relevante para o esporte. É preciso zelar pela mente dos atletas. Eles não são máquinas. Os dramas pessoais de cada um deles precisam ser ouvidos, administrados, equilibrados para que eles possam entregar o que se espera dentro das quatro linhas. Vitoriosa, a estadunidense Simone Biles sentiu esse peso. A tenista japonesa Naomi Osaka, considerada a melhor do país anfitrião, também.
Em 2014, veteranos e novatos da Seleção sentiram o peso de o Brasil ser o anfitrião da Copa. Era nítido desde a estreia vitóriosa contra a Croácia por 3 x 1, em São Paulo, o descontrole emocional do elenco comandado à época por Luiz Felipe Scolari. O pavor do elenco foi aumentando e atingiu o ápice na decisão por pênaltis contra o Chile nas oitavas de final e no fracasso por 7 x 1 para a Alemanha, em Belo Horizonte, nas semifinais.
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