Atletico Nacional O Atlético Nacional criou 24 chances de gol, mas deu Kashima. Foto: Divulgação/Atlético Nacional

Campeão mundial sem título continental? Kashima pode repetir Corinthians de 2000

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Pela terceira vez, em 13 edições, o campeão da Copa Libertadores da América está fora da final do Mundial de Clubes da Fifa. Nem o apoio da torcida brasileira ao Atlético Nacional depois da extraordinária demonstração de solidariedade no acidente aéreo da Chapecoense foi capaz de impedir a derrota por 3 x 0 para o Kashima Antlers, do Japão, na semifinal desta quarta-feira do Mundial de Clubes da Fifa. Em 1989, o time colombiano, que tinha o goleiro Higuita e o técnico Francisco Maturana, perdeu o título para o timaço do Milan — Galli, Tassotti, Maldini, Fuser, Costacurta, Baresi, Donadoni, Van Basten, Ancelotti, Rijkaard, Massaro — comandado à época por Arrigo Sacchi. Em 2016, vai disputar terceiro e quarto lugar contra América do México ou Real Madrid.

Finalista, o Kashima entra para a história como o terceiro representante do país sede a chegar a uma decisão do Mundial de Clubes da Fifa. O time da terra dos pokémons repete os feitos de Corinthians (2000) e Raja Casablanca (2014). A missão (quase) impossível é repetir a façanha do Corinthians. Em 2000, o time paulista participou como campeão brasileiro de 1999 e faturou o título máximo de clubes do futebol mundial sem ter a Copa Libertadores da América no currículo, ou seja um título continental. Isso só aconteceu 12 anos depois, em 2012. O Kashima Antlers ainda não conquistou a Liga dos Campeões da Ásia.

Antes da criação do Mundial de Clubes da Fifa, há outro caso semelhante. Em 1974, o Atlético de Madri ganhou a Copa Intercontinental no Japão por 2 x 1 em cima do Independiente, da Argentina. O time espanhol não era o campeão europeu. O Bayern de Munique não participou do jogo e foi substituído pelo vice. O Atlético de Madri é campeão mundial de 1974 sem ter título continental no currículo. Foi vice da Copa/Liga dos Campeões em 1974, 2014 e 2016.

Melhor time das Américas, O Atlético Nacional repete os fiascos do Inter e do Atletico-MG. Em 2010, o time colorado caiu nas semifinais diante do Mazembe, da República Democrática do Congo, com uma exibição de gala do goleiro Kidiaba. O clube gaúcho teve de disputar a decisão do terceiro lugar e o Mazembe decidiu o título contra a Internazionale, da Itália.

Em 2013, foi a vez de o Atletico-MG desperdiçar a chance de disputar o título mundial. Campeão sul-americano à época, o Galo foi eliminado pelo Raja Casablanca. Campeão do Marrocos, o vilão havia entrado no torneio como convidado — a exemplo do Kashima Antlers, o penetra de 2016. O classificado via Liga dos Campeões da Ásia é o Jeonbuk Motors, da Coreia do Sul. O Kashima participa como campeão japonês do país sede do Mundial de Clubes. Carimbou vaga no torneio no último dia 3.

O bacana é que o Kashima Antlers catequizado por uma coleção de técnicos brasileiros —  Edu, João Carlos, Zé Mário, Zico, Toninho Cerezo, Paulo Autuori, Oswaldo Oliveira e Jorginho — atinge o ápice sob o comando de um japonês. Mascarada Ishii mostrou que o futebol japonês não é mais correria há muito tempo. A organização e a disciplina tática simplesmente neutralizaram o Atlético Nacional.

Não é a primeira vez que o Kashima Antlers apronta contra sul-americanos. O clube ganhou duas vezes a Copa Suruga — campeão japonês x campeão da Copa Sul-Americana — em 2012 e em 2013 ao derrotar, respectivamente, a Universidad de Chile (nos pênaltis) e o São Paulo (3 x 2).