Se Brasiliense e Gama disputarem a Série D do Brasileirão com o empenho apresentado na primeira partida da final do Candangão, o DF finalmente terá pelo menos um representante na terceirona, em 2021. Isso não acontece desde 2013!
Os representantes da capital na quarta divisão protagonizaram belo início de decisão do título na matinê de hoje. Acho uma pena que as duas equipes só se motivem nos clássicos. As exibições anteriores nas quartas e nas semifinais foram burocráticas. Algumas delas até preguiçosas, meramente protocolares. Brasiliense e Gama precisam jogar pilhados a temporada inteira sob pena de o futebol local seguir inerte na pior divisão nacional pelo sétimo ano consecutivo.
Achei o triunfo do Brasiliense justo, no Mané Garrincha. O Gama poderia ter ido para o intervalo vencendo se Nunes não tivesse ângulo reduzido em um chute cruzado; ou Fernando Henrique não operasse milagre em outro lance. No entanto, o Gama jogou bem por 15 minutos, ou seja, durante um sexto do jogo. Pouquíssimo para quem almeja o bicampeonato.
No início do segundo tempo, as falhas individuais do Gama foram castigadas por um rival elétrico. Gostei da exibição de Marcos Aurélio, autor do primeiro gol após a bola desviar em Amaral, e da movimentação de Zé Love. Jogou para o time. Aldo é o melhor volante da cidade. Impressionante a facilidade para desarmar e subir ao ataque para fazer os golzinhos dele. Badhuga foi oportunidade quando Rodrigo Calaça falhou.
A vitória por 3 x 1 quebrou a invencibilidade de 33 jogos do Gama. Na era Vilson Tadei, a defesa só havia sido vazada três vezes em uma partida. O Brasil de Pelotas conseguiu o feito na primeira fase da Copa do Brasil deste ano. Naquela partida, o alviverde teve força para arrancar o empate. Nesta quarta, não. Motivos: as falhas coletivas de marcação das bolas paradas; individuais, como a do goleiro Calaça; e a perda de uma figura importantes antes da pandemia.
A saída de Tarta enfraqueceu o Gama. O meia foi emprestado ao Juventude-RS para a Série B. Impossível segurá-lo diante da oportunidade de crescimento profissional e da grave crise financeira do Gama. Jogos pequenos escondem a deficiência. Partidas grandes deixam em evidência.
Eficiente, o Brasiliense deu o troco da derrota no jogo de ida da final do ano passado. Em 2019, o Gama venceu por 3 x 1. Desta vez, perdeu pelo mesmo placar. Artilheiro isolado do Candangão com 12 gols, e maior artilheiro dos estaduais na comparação entre os goleadores dos 27 torneios locais do país neste ano como mostrou reportagem na edição impressa do Correio Braziliense na última terça-feira, Nunes marcou o quinto dele de pênalti e deu alento ao Gama.
O resultado obriga o atual campeão a vencer por 2 x 0, sábado, às 16h, no Bezerrão, para forçar decisão por pênaltis. Próximo do deca no mês em que acaba de celebrar 20 anos, o Brasiliense pode até perder por um gol de diferença para saborear o título dentro da casa do rival.
Em 2019, o placar do primeiro round pesou. O empate por 2 x 2 garantiu o título ao alviverde no confronto de volta. A situação do Gama é difícil, mas não impossível. Há um porém: pela primeira vez neste ano, o Gama não marcou dois ou mais gols em uma partida. É um alerta importante para a comissão técnica de Vilson Tadei.
Do outro lado, o Brasiliense, de Márcio Fernandes, não perde por dois ou mais gols de diferença desde a derrota por 4 x 1 para o Goiás nas oitavas de final da Copa Verde do ano passado, em Goiânia. A maior dificuldade do Gama será encarar uma decisão, no Bezerrão, sem a maior e mais fanática torcida do DF. Talvez, isso seja mais uma vantagem para o favorito Brasiliense.
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