Ele estava com contrato na mão para ser o preparador físico da seleção de futebol masculina do Iraque nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Havia sido escolhido devido ao histórico no país. Nas temporadas de 2013 e de 2014, o paulista Anderson Nicolau, com passagem pelo Gamaem 2011, ajudou o Al-Shorta a ser bicampeão iraquiano.
O profissional do Al-Faisaly, da Arábia Saudita, esperava comemorar o aniversário de 34 anos no Brasil, mas uma decisão do espanhol Gonzalo Rodríguez, da seleção principal, mudou de ideia, resolveu acompanhar a esquadra Sub-23 ao Jogos Olímpicos e o acordo do Iraque com Anderson Nicolau não avançou.
Apesar da frustração, Anderson Nicolau é uma baita fonte de conhecimento para o técnico da Seleção Olímpica, Rogério Micale. Nos dois anos em que trabalhou no Iraque, conheceu cinco jogadores que enfrentam o Brasil neste domingo, às 22h, pela segunda rodada do Grupo A. Alerta Micale para o perigo do lado esquerdo com dois jogadores que ele conhece bem, pede cuidado com os avanços do capitão ao ataque nas bolas paradas e aconselha atenção com os chutes de fora da área de outro atleta que ele conhece bem.
Saiba quem são eles no bate-papo a seguir de Anderson Nicolau com o blog…
Vem cá, seja o espião do Rogério Micale, fala um pouco desse Iraque…
Nada, cara, o Micale tem muita gente boa ao lado dele (risos). Nas é uma seleção boa. Dificilmente vai ganhar do Brasil, mas mostrou no primeiro jogo que o futebol está muito nivelado. É uma seleção muito aguerrida, vai ser um jogo difícil. Todo mundo falava que seria o menor obstáculo, mas eles provaram contra a Dinamarca que pretendem brigar pela segunda vaga do grupo para as quartas de final.
Contra a Dinamarca, o Iraque se mostrou uma seleção veloz e muito dribladora…
Aqui no mundo árabe, os jogadores iraquianos são considerados os os mais fortes fisicamente e alguns atletas conseguem aliar a parte técnica. O número 9 (Mahdi Kamel), que entrou no segundo tempo, gosta muito da bola, é muito técnico, o lateral-esquerdo Ismael tem muita qualidade técnica. Eles são fortes fisicamente e técnicos, sabem o que fazer com a bola.
Muitos deles estão no exterior, né…
O lado esquerdo deles, os dois jogadores atuam no exterior. O Dhurgham Ismael joga na Turquia e o Adnan na Udinese, da Itália. Sherko, que cai pelo lado direito, joga no futebol da Suíça. O número 11 (Humam Tariq) tem uma grande possibilidade de ir para o futebol japonês. São vários jogadores que estão no exterior e atuam em alto nível, então, não é uma seleção qualquer, não.
Você estava com contrato na mão para ser o preparador físico do Iraque nos Jogos Olímpicos, o que aconteceu?
Nós tínhamos um acerto, faltava só a passagem e o carimbo, mas o preparador físico da principal, quando chegou determinada fase, largou a principal para poder ir para a Olímpica. É um excelente profissional. Faltou pouco, infelizmente faz parte.
O Iraque tem dois jogadores do Al-Shorta, time em que você trabalhou.
Na verdade eu trabalhei com cinco jogadores dessa seleção: o goleiro Mohammed Hammed, o Dhurgham Ismail, o Sherko Karim, o Mahdi Kamel e o Ahmad.
“Todo mundo falava que seria o menor obstáculo, mas eles provaram contra a Dinamarca que pretendem brigar pela segunda vaga do grupo para as quartas de final”
Qual deles é o mais perigoso?
Cara, eu gosto muito do lateral-esquerdo, do Dhurgham Ismail (camisa 15). É um jogador de muita qualidade técnica e faz uma dobradinha com o Ali Adnan pela esquerda. Eu acho que é o setor mais forte do Iraque. O Ali Adnan chuta muito de fora da área, tem uma bola parada muito forte também.
E o capitão, você conhece o Saad Abdul-Amir?
Ele joga no exterior há muitos anos, fez uma temporada muito boa aqui na Arábia Saudita pelo Al-Qadisiyah, sobe muito ao ataque na bola parada. É um capitão muito experiente e tem o respeito de todos. Vai mostrar aos companheiros que podem fazer um grande jogo.
Zico e Jorvan Vieira foram técnicos do Iraque. Jorvan, inclusive, na conquista da Copa da Ásia de 2007. Qual é o legado deles para o futebol iraquiano?
O respeito e a admiração ao futebol brasileiro. Gostar da bola, o jeito de jogar, eles tentam se aproximar muito do futebol brasileiro, é uma referência para eles.
Até que ponto é difícil preparar fisicamente o jogador iraquiano devido aos problemas do país.
O problema social existe e não tem como você fugir dele. É preciso se adaptar a algumas situações. Às vezes, acontecem alguns problemas no caminho e eles não conseguem chegar para um treino. Há problemas com a infraestrutura que a cidade oferece, mas são atletas muito focados. Eles gostam de trabalhar e ouvem o que você está ensinando. Esse é um diferencial dos jogadores aque do Golfo Pérsico.
“Eu gosto muito do lateral-esquerdo, do Dhurgham Ismail (camisa 15). É um jogador de muita qualidade técnica e faz uma dobradinha com o Ali Adnan pela esquerda. Eu acho que é o setor mais forte do Iraque. O Ali Adnan chuta muito de fora da área, tem uma bola parada muito forte também”
Do ponto de vista tática, o futebol iraquiano é adepto de qual sistema?
Esse técnico treinou muito no 4-4-2, com duas linhas de quatro, mas ele pode querer surpreender ao analisar o Brasil. Ele tem uma dúvida, porque o Dhurgham Ismail está machucado, e ele pode aproveitar o Ali Adnan na primeira linha, mas eu acredito que ele não vai mudar muito em relação ao primeiro jogo. Acredito que ele vai reforçar a marcação pelos lados para neutralizar os pontos forte do Brasil.
Fala da sua passagem pelo Gama…
O Gama foi um marco na minha carreira. Tenho um carinho, uma admiração muito grande pelo Gama. Acompanho o Gama até hoje. Torço pelo clube, tem uma torcida apaixonada. Nós conseguimos depois de um bom tempo o vice-campeonato na minha passagem por aí, em 2011, voltamos à Copa do Brasil depois de um bom tempo… Infelizmente o Gama passa por uma condição que não condiz com a sua história, com a camisa do Gama, mas eu que, em breve, o Gama vai voltar às primeira divisões do futebol brasileiro.
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