Base inglesa de Tite exige paciência da torcida no longo processo de reinvenção da Seleção até a Copa

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Um detalhe chama a atenção na escalação da Seleção Brasileira na vitória por 1 x 0 sobre a Venezuela, nesta sexta-feira, no Morumbi, em São Paulo, pela terceira rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo Qatar-2022: a quantidade de jogadores empregados no Campeonato Inglês, a Premier League – a principal liga nacional de futebol do mundo.

Tite apostou em Everson (Manchester City), Thiago Silva (Chelsea), Allan (Everton), Douglas Luiz (Aston Villa), Roberto Firmino (Liverpool), Richarlison (Everton) e Gabriel Jesus (Manchester City). Não é mera coincidência. Todos atuam no futebol mais competitivo do planeta. Outros dois estavam no banco: Alisson (Liverpool) e Alex Telles (Manchester United). Em comum, nenhum dos nove é protagonista em seus respectivos clubes.

Os quatro “não ingleses” na formação inicial de Tite contra a Venezuela eram Danilo (Juventus), Renan Lodi (Atlético de Madri), Marquinhos (Paris Saint-Germain) e Éverton Ribeiro (Flamengo) –  o único jogador em atividade no futebol brasileiro entre os 11.

Curiosamente, o Brasil sentiu carência de dois jogadores que não atuam no futebol inglês na partida contra a Venezuela. Cortados por causa de contusão, Neymar e Philippe Coutinho atuam no PSG e no Barcelona, respectivamente. Jogar sem as referência é um bom desafio para a Seleção. Por sinal, deve ser aproveitado. Neymar e Coutinho se machucam demais.

Em tese, Tite escolheu um caminho para o sucesso nas Eliminatórias para a Copa: os brasileiros em atividade na Premier League. A questão é adaptá-los à realidade do que Tite pretende. Os sete titulares de Tite são comandados por cinco treinadores diferentes. Portanto, trocar o chip de cada um deles para os conceitos do técnico da Seleção não é tão fácil assim.

Everson e Gabriel Jesus trabalham com o método Pep Guardiola. Allan e Richarlison são liderados por Carlo Ancelotti, uma das referências de Tite. Roberto Firmino e Alisson conhecem a fórmula Jürgen Klopp. Recém-chegado à Premier League, Thiago Silva começa a assimilar as ideias de Frank Lampard. Alex Telles é treinador por Ole Gunnar Solskjaer. Douglas Luiz evoluiu na carreira sob as ordens de Dean Smith. Percebe a complexidade do trabalho do Tite?

Vai muito além do que o discurso raso de mandar o técnico escalar o convocado na Seleção na mesma posição em que ele atua no time. Afinal, Tite também tem seus conceitos. Dos 22 convocados por Tite, apenas sete estiveram na Copa da Rússia. A Seleção é uma metamorfose ambulante. A montagem do novo time exige paciência. Sem Neymar e Coutinho, mais ainda.

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Marcos Paulo Lima

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