Arquitetura da destruição: uma reflexão sobre como Eurico Miranda está conseguindo condenar o Vasco ao terceiro rebaixamento

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Crédito da ilustração: Cícero Lopes/CB/D.A Press (11/11/2014)

O elenco do Vasco é fraco. Ponto. Mas, na minha modesta opinião, não a ponto de estar correndo o risco de ser rebaixado em… setembro! Martin Silva não é ruim. Muito menos Madson, Luan, Nenê e Jorge Henrique, por exemplo. Era para brigar contra a queda, sim, mas até a última rodada. E escaparia. Quem sabe a esperança resista até dezembro.

Se o Gigante da Colina passa pela maior humilhação de sua belíssima história, a culpa é do presidente Eurico Miranda. Em vez de montar um elenco para o mínimo, ou seja, manter o clube na primeira divisão, o cartola raciocinou com uma cabeça provinciana. Em vez de admitir que o título mais importante do ano era manter o tetracampeão brasileiro na elite depois do retorno à Série A, instalou na mente dos vascaínos o chip de que, importante, mesmo, era vencer o campeonato à parte com arquirrival Flamengo. Venceu, e daí?
Em vez de reconstruir um Vasco forte, a partir de São Januário, onde o respeito dos adversários quase nunca faltou, Eurico Miranda preferiu mexer com quem estava quieto em mais uma tentativa de mostrar que o Eurico — não o respeito — voltou. Foi criar caso com o Fluminense por causa da histórica posição da torcida do Vasco no remodelado Maracanã. Entendo a tradição que vem do século passado, mas era hora de brigar no momento por algo tão menor?
Quer mais um exemplo da mentalidade provinciana de Eurico? A manipulação do presidente da Federação Carioca, Rubens Lopes, e a parceria com o mandatário do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, na guerra-fria pelo preço do ingresso nas partidas do Estadual. Mais uma tentativa de mostrar que o Eurico — não o respeito — voltou. O gênio do mal conseguiu o que tanto queria: dividiu a federação, semeou a discórdia entre os quatro grandes do Rio e separou a dupla Fla-Flu de um lado, Vasco e Botafogo do outro.
Eurico Miranda criou picuinhas extracampo, gastou tempo com problemas que eram formiguinhas perto dos elefantes que desfilavam diante dos próprios olhos, em São Januário. Ganhou o Estadual na marra contra quem queria — o Botafogo — depois de sugar todo o ânimo de Flamengo e Fluminense para disputar o Estadual. Na visão míope do cartola, era o suficiente para acender um charuto, esbaforir fumaça e bradar o mantra: O respeito, ops, o Eurico voltou”.
Eurico Miranda se iludiu. Achou que o fim do jejum carioca atrairia medalhões ao Vasco para o Brasileirão. Passou vergonha no episódio em que anunciou a contratação de Leonardo Moura com a única intenção de provocar o Flamengo. Disse que Ronaldinho Gaúcho estava 90% fechado com o Vasco na tentativa de dar um chapéu no arquirrival Fluminense e viu o jogador eleito duas vezes melhor do mundo ser apresentado nas Laranjeiras.
Aliado a tudo isso, Eurico Miranda está velho e cansado para pacificar a faixa de gaza política do clube. Há o grupo de Eurico Brandão, o Euriquinho, filho dele, e de José Luis Moreira. A queda de braço e a guerra de vaidades não minam apenas a administração caótica de Eurico Miranda. Implodem o Vasco. A humilhação por 6 x 0 diante do Internacional é apenas um detalhe a mais na arquitetura da destruição de uma temporada que tinha tudo, sim, para devolver o respeito ao Gigante da Colina. Mas o respeito se calou. A última informação é de que está na frente do computador procurando promoção de passagem aérea para a Sibéria.
Parabéns, doutor Eurico Miranda! Doutor? Sim! Apesar da crise, ainda há torcedor que pede para dobrar a língua na hora de pronunciar o nome do presidente que insiste em tentar fazer com o Vasco o que gente como ele fez lá atrás com os apequenados Bangu e América.
Que o fim do Club de Regatas Vasco da Gama não seja virar um Bangu, um América… Tua imensa torcida (bem infeliz) não deixará!
Marcos Paulo Lima

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Marcos Paulo Lima

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