Sede da final inglesa da Liga Europa entre os londrinos Arsenal e Chelsea nesta quarta-feira, o Azerbaijão tem elo com um herói do Brasil na Copa em 1970. Carlos Alberto Torres comandou a seleção da ex-república soviética nas Eliminatórias para o Mundial da Alemanha. Era o penúltimo trabalho do capitão do tri antes de guardar a prancheta. Ele encerraria a carreira de treinador no Paysandu antes de assumir o microfone e virar comentarista.
O “capita” estreou à frente do Azerbaijão em 18 de fevereiro de 2004 com derrota por 6 x 0 em um amistoso contra Israel e deixou o cargo em 4 de junho de 2005. Foram 18 jogos, com duas vitórias, seis empates e 10 derrotas. Os triunfos do então treinador aconteceram contra o Cazaquistão (2 x 3), em Nursultan; e o Uzbequistão (3 x 1), em Baku. Por sinal, esta foi a única vitória em casa de Carlos Alberto Torres à frente da seleção do país.
Um dos orgulhos do capitão do tri foi ter perdido de pouco para a melhor Inglaterra dos últimos tempos nas Eliminatórias para a Copa-2006: 1 x 0 e 2 x 0. “Disseram que ganhariam da gente de 10 x 0. O Michael Owen falou que iria marcar vários gols. O jogo na Inglaterra virou 0 x 0 e só fomos tomar um gol em uma falha individual. Depois do jogo, fui cobrar o Owen. E a imprensa inglesa me apoiou”, disse à época Carlos Alberto Torres, que morreu em 2016.
A demissão do brasileiro foi polêmica e anunciada pelo porta-voz da Associação de Futebol do Azerbaijão. A expulsão do técnico após a derrota por 3 x 0 para a Polônia (vídeo abaixo) irritou os cartolas locais. Havia chamado o juiz de fraco. “Sentimos que Carlos Alberto simplesmente não tem mais capacidade de dar mais qualidade ao nosso time. Ele prometeu que terminaríamos as eliminatórias com pelo menos 10 pontos. Agora, temos dois pontos e é difícil imaginar que podemos chegar aos 10 pontos faltando apenas três jogos”, justificou a entidade.
Um ano antes, o presidente da associação, Ramiz Mirzoev, havia colocado o “capita” nas alturas. “Temos bons técnicos em nosso país, mas queremos elevar o nível do futebol no Azerbaijão. Por isso, optamos por contratar um técnico talentoso do país do futebol”, disse.
Carlos Alberto Torres não fez milagre, mas deixou legado no Azerbaijão. Indicou e abriu as portas para que jogadores brasileiros se naturalizassem e defendessem a seleção do país. O Azerbaijão chegou a ter três jogadores brasileiros nas Eliminatórias para a Euro-2008. André Ladaga, Ernani Pereira e Leandro Gomes vestiram a camisa da seleção.
A aventura do saudoso Carlos Alberto Torres no Azerbaijão
Em entrevista à Folha de S. Paulo em 2006, ao colega Rodrigo Bueno, Torres assumiu que teve influência na invasão verde-amarela. “Fui eu que avalizei a contratação do André e do Leandro para o time de Baku. Sinal que estava certo. O time que jogou contra Portugal é 90% diferente do que treinei porque houve renovação. Mas só com uns seis brasileiros naturalizados a seleção do Azerbaijão poderia ficar em um nível bom, não excepcional”, argumentou.
Os jogadores eram clientes de Antônio Galante, então empresário do filho dele, Alexandre Torres. “Futebol é profissional. Se um atleta está expatriado, não tem como defender seu país, é bom defender outro. Não tem muito isso de amor à camisa”, justificou em 2006.
O Azerbaijão está em 108º lugar no ranking da Fifa. Chegou a ser o 74º em julho de 2014, quando era comandado pelo técnico alemão Berti Vogts. Palco da final da Liga Europa, o Estádio Olímpico de Baku é o maior orgulho do país. Abrigou os Jogos Europeus em 2005, as partidas do Qarabag na fase de grupos da Uefa Champions League em 2017/2018, partidas das Eliminatórias para o Mundial da Rússia e está na lista de sedes da Euro-2020.
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