Gustavo Scarpa Gustavo Scarpa comemora o primeiro hat-trick na carreira. Foto: Cesar Greco/Palmeiras Gustavo Scarpa comemora o primeiro hat-trick na carreira. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

A lição de Scarpa em meio à demanda crescente do futebol brasileiro por jogadores versáteis

Publicado em Esporte

Autor de três gols nos 4 x 1 do Palmeiras contra o Deportivo Táchira na última rodada da fase de grupos da Libertadores, Gustavo Scarpa tornou-se o mais “europeu” dos jogadores em atividade no futebol brasileiro e pode servir de inspiração aos resistentes a novas ideias de jogo.  É o caso, por exemplo, de Róger Guedes, do Corinthians. Scarpa comprou as ideias do técnico Abel Ferreira. Embora a posição predileta do jogador de 28 anos seja a de meia, ele virou um dos coringas alviverdes sob a batuta do português. 

 

Scarpa foi de tudo um pouco na carreira. Lateral-esquerdo, direito, segundo volante, ponta direita, esquerda, armador… Era meia central nas divisões de base do Fluminense. Virou extremo no time profissional. A intenção era aproveitar não somente a velocidade, mas a força física dele na marcação, o dinamismo tático para a recomposição na fase defensiva. Scarpa costuma dizer que, se houver uma vaga sobrando no time, pode contar com ele. 

 

Aberto ao novo, Scarpa conquistou espaço no time titular. É um dos intocáveis na formação ideal de Abel Ferreira. A mobilidade tática dele foi fundamental na conquista da Libertadores contra o Flamengo e no duelo equilibrado contra o Chelsea na final do Mundial de Clubes. Abriu mão do que tem de melhor para se dedicar ao plano de jogo coletivo do treinador.  

 

Alguns treinadores tentam fazer o mesmo com algumas peças no futebol brasileiro. Vítor Pereira vê mais possibilidades para Róger Guedes no Corinthians, mas o jogador só se enxerga aberto na esquerda. Paulo Sousa testou Gabriel Barbosa em outras funções nos duelos contra Goiás e o Sporting Cristal. O atacante atuou no papel de meia direita na vitória pelo Brasileiro e praticamente um 10 diante da equipe peruana na Libertadores. 

 

Gabriel Barbosa não faz gol há quatro jogos, mas age com o profissionalismo dos colegas de time Éverton Ribeiro, Filipe Luís e Willian Arão. O meia rende aberto na direita, mas tolerou até o limite a função de ala-esquerdo no sistema 3-5-2. Filipe Luís abraçou a função de zagueiro. Willian Arão já foi mais de uma vez para o sacrifício. Foi de volante a beque. Rogério Ceni também havia contado com a compreensão dele na passagem pelo clube. 

 

Melhor atacante em atividade no futebol brasileiro, Hulk também mostrou maturidade no retorno ao Brasil. A maior lembrança dele no país era aquela da Seleção da Copa de 2014. Luiz Felipe Scolari usava o jogador aberto na direita cortando para dentro. Defensivamente, dava apoio a Maicon ou Daniel Alves na marcação. Depois do desgaste inicial com Cuca, ele e o treinador concordaram que o melhor papel para o jogador seria o de centroavante. Resultado: foi o artilheiro do país na temporada passada com 36 gols e 13 assistências. 

 

O sucesso de Scarpa no Palmeiras ensina o caminho da versatilidade. É preciso saber viver em mais de uma posição no futebol de alto nível. Jogadores presos a uma função têm vida curta em times titulares e estão fadados a esquentar o banco por muito tempo. 

 

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