O belo trabalho de Arthur Jorge é a parte visível do sucesso do Botafogo na liderança da Série A do Campeonato Brasileiro e na classificação dramática para as quartas de final da Copa Libertadores da América depois de sete anos. A última vez entre os oito havia sido contra o Grêmio, em 2017.
O invisível é a influência dos profissionais de scout e análise de desempenho na escolha de reforços capazes de se encaixar ao conceito de jogo estabelecido desde a passagem conturbada de Luís Castro pelo clube carioca no início da gestão da Socidade Anônima do Futebol (SAF).
Méritos de Alessandro Brito, Raphael Rezende, Bruno Noce, Cristian Costa e Willian Santos. Guarde esses nomes, torcedor alvinegro. A maioria desses caras tem olhos de lince para reforçar o elenco do seu time do coração e merecem demais esses êxitos seguidos cintra Flamengo e Palmeiras em quatro dias.
Luiz Henrique não é contratação aleatoria. Igor Jesus muito menos. Almada chega para completar o quarteto com Savarino, outra aposta certeira. Encaixou tão bem no sistema que poucos sentem falta do artilheiro Júnior Santos.
Autor de dois dos quatro gols na vitória por 4 x 3 no placar agregado das oitavas de final da Libertadores, Igor Jesus não desembarcou em General Severiano por acaso. Há sensibilidade na retaguarda para pinçar peças capazes de se encaixar no quebra-cabeça. No ano passado, o departamento de futebol imaginou Diego Costa nessa função. O centroavante não foi tão solidário. Queria o protagonismo.
Escrevi algumas vezes no blog que o modelo de Arthur Jorge lembra o do Liverpool de Jürgen Klopp. A demanda do Botafogo era por força física, desarme, passe qualificado, transição rápida e um centroavante além de Tiquinho Soares capaz de finalizar com precisão. Igor Jesus estreou no Botafogo em 12 de julho. Em pouco mais de um mês, o reforço alvinegro acumula quatro gols em sete partidas. Impressionante como ele se encaixou no elenco.
Forte taticamente, o Botafogo foi quase impecável no início dos dois tempos no Allianz Parque, mas tomou um susto desnecessário ao sofrer três gols do Palmeiras em oito minutos, um deles anulado pelo VAR — de tantas trocas de farpas nos bastidores entre os dirigentes John Textor e Leila Pereira. No fim do jogo, o Botafogo sentou-se no resultado e esqueceu-se de quem era o dono da casa. O Palmeiras foi mais uma vez incrível ao empatar e quase virar com gols de Flaco López e de Rony.
O gol de Gustavo Gómez corretamente anulado pelo VAR devido ao toque de mão na bola e a bola na trave na cobrança de falta de Gabriel Menino no último lance são as provas de que a sorte parece ter mudado de lado. Há um ano, o Palmeiras saia de um 0 x 3 para um 4 x 3 no estádio Nilton Santos na reta final do Brasileirão do ano passado e marchou rumo ao segundo título consecutivo na dificílima Série A.
O Botafogo segue em duas frentes. Lidera o Brasileirão e aguarda o adversário nas quartas da Libertadores entre São Paulo e Nacional. O Palmeiras é eliminado pela sétima vez no Allianz Parque em competições nacionais e/ou internacionais em pouco mais de três anos, mas não está morto. Tem futebol para virar a Série A de cabeça pra baixo e conquistar o tri seguido que somente o São Paulo de Muricy Ramalho ostenta nas edições de 2006, 2007 e 2008.
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