Flamengo Willian Arão comemora o gol diante de um Paulo Sousa intranquilo. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo Willian Arão comemora o gol diante de um Paulo Sousa intranquilo. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

A confiança de Arão e o peso da falta dela para Gabigol na classificação do Flamengo

Publicado em Esporte

A classificação antecipada do Flamengo para as oitavas de final da Libertadores na vitória por 3 x 0 contra a Universidad Católica, no Maracanã, expôs um contraste: a confiança de Willian Arão e a falta dela para dois personagens: Gabigol e Hugo Sousa.

 

Arão balançou a rede pela terceira vez em dois jogos. Tem quatro na temporada. O volante é artilheiro desde a chegada ao clube. O problema é quando há excesso de confiança e ele sofre os temidos apagões. Foi assim no empate por 2 x 2 com o Talleres, em Córdoba, quando fez gol contra. Concentrado, é um ótimo jogador.

 

A tranquilidade de Arão contrasta com a falta de confiança de dois jogadores de posições fundamentais para a paz do time. Gabriel Barbosa continua perdendo gols inacreditáveis. Os dois desperdiçados no primeiro tempo são daqueles de providenciar um pulinho na Igreja São Judas Tadeu, padroeiro do clube, a fim de pedir ajuda espiritual ao padre. O camisa 9 teve outra oportunidade na etapa final, mas não alcançou a bola. Menos grave do que as outras duas chances de frente para a meta defendida por Sebastián Pérez.  É preciso ponderar. Gabigol tem atuado demasiadamente fora da área. Provavelmente, para cumprir o plano de Paulo Sousa. É uma questão a ser resolvida.  Afinal, paciência de craque-ídolo tem limite.

 

Enquanto Gabigol falhava na frente, era substituído, e via o substituto dele, Pedro, marcar o terceiro, o goleiro Hugo Souza — inaceitavelmente vaiada pela própria torcida a cada toque na bola — dava alguns sustos lá atrás. A Universidad Católica não diminuiu o placar por muito pouco no lance em que a cria da Gávea saiu errado, tomou susto com a bola passando na frente dele e foi salvo pela trave na finalização de Zampedri no último minuto do primeiro tempo. 

 

O comportamento do Flamengo no início do segundo tempo também mostrou a falta de confiança do técnico Paulo Sousa. Por ordem do português ou acomodação, o time recuou, atraiu perigosamente a Universidad Católica e tomou alguns sustos desnecessários. O lusitano não é bobo. Certamente deu aquela passadinha pela internet, viu acenderem o fogo da fritura e fez de tudo para garantir o resultado e a sobrevivência no emprego. 

 

Por falar em confiança, a vitória foi importantíssima para Rodrigo Caio reconquistá-la. O zagueiro começou como titular ao lado de Matheuzinho, Pablo e Ayrton Lucas. Quatro dias depois do susto contra o Ceará, na Arena Castelão, ele suportou a partida inteirinha. O meia Arrascaeta também exala confiança. É o dono do time. Venenoso nas cobranças de falta e escanteio, principalmente quando procura Arão dentro da área. 

 

Disposta a criticar o presidente Rodolfo Landim nesta terça, no Maracanã, a torcida do Flamengo precisa erguer as mãos e dar glória a Deus. O time rubro-negro está classificada para as oitavas de final pela quarta temporada consecutiva na gestão do dirigente. Ganhou o título em 2019, caiu nos pênaltis contra o Racing, em 2020, decidiu o título contra o Palmeiras no ano passado e figura novamente entre os 16 melhores do continente. 

 

Há quem ainda reclame de barriga cheia depois de uma coleção de eliminações na fase de grupos neste século, algumas delas de maneira vexatória. Foi assim nas edições de 2002, 2012, 2014 e 2017.  Não foi uma exibição de arrancar suspiros, mas garantiu o que o Flamengo mais precisava: dormir em paz.

 

 

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