A caminho do Brasil após cumprir quarentena em Portugal em meio à pandemia do novo coronavírus, o técnico Jorge Jesus falou com a imprensa portuguesa nesta sexta-feira antes do embarque, em Lisboa. O comandante do Flamengo disse que não tem pressa para decidir o futuro e admitiu inclusive a possibilidade de redução salarial diante da crise econômica que atinge o mundo. Entretanto, não cravou a permanência.
“Não sou diferente dos outros. Isso (redução salarial) está acontecendo em todo o Mundo, com todos os profissionais de outras áreas. Portanto, comigo também será discutido. Há uma negociação e tem de haver um acordo de ambas as partes. Sinto que o Flamengo quer que eu continue e, para mim, é determinante ter um clube que me quer muito. Assim como ter a nação do Flamengo com a mesma ideia. Isso será determinante para a minha decisão”, disse à imprensa lusitana. Embarcaram com ele os auxiliares João de Deus e Tiago Oliveira e o preparador físico Márcio Sampaio.
Questionado no Aeroporto Internacional de Lisboa sobre o impasse da renovação do acordo no Aeroporto Internacional de Lisboa, Jorge Jesus respondeu: “Nós temos compromissos contratuais, ainda temos mais dois meses de contrato e o Flamengo marcou uma data para regressar e temos de o fazer. As nossas vidas profissionais, por causa da Covid-19, têm de ser vividas no dia-a-dia e não tenho, neste momento, mais nenhum projeto a não ser o compromisso com o Flamengo”, afirmou o treinador.
Campeão do Brasileirão, Libertadores, Recopa Sul-Americana e da Taça Guanabara em oito meses de trabalho, Jorge Jesus respondeu se tem interesse em permanecer no clube carioca. ” Neste momento não tenho nada em mente, tenho de viver um dia de cada vez, saber o que vai acontecer em função desta epidemia e tomar decisões. Tenho dois meses, até para os dirigentes do Flamengo decidirem o que é melhor para eles. Sentimos que criamos uma grande equipe. Isso é um dos fatores que me motiva muito mais a continuar e a forma como também tenho sido tratado. Tenho dois meses para decidir a minha vida”, ponderou.
Em março, Jorge Jesus chegou a testar positivo, no Rio, antes de decidir passar a quarentena em Portugal. Antes do retorno ao Brasil, ele disse que não teme o momento tenso vivido no país, que vive a expectativa de atingir o pico da pandemia. “Não me preocupa, estou mentalizado. Eu e o mundo inteiro temos de ter em mente que, enquanto não houver vacina, temos de saber conviver com o vírus. Quem pensar o contrário tem de ficar um ano em casa. Portanto, como todos nós temos de viver com este vírus, para mim, estar em Portugal ou no Brasil é igual”.
O comandante português também opinou sobre a retomada das competições. “Sei que em Portugal as equipes vão começar segunda-feira. Acho muito bom. Nós temos de saber conviver com o vírus. Os jogadores são trabalhadores e as equipas dão condições de trabalho aos jogadores que muitas empresas não dão. Os jogadores vão ser todos testados, os familiares deles também. Eles andam em carros privados. Vão ser testados de duas em duas semanas. Tomara eu que todos os trabalhadores de todas as empresas pudessem fazer isso.
Enquanto o governo brasileiro bate cabeça sobre as medidas de segurança na quarentena, Jorge Jesus elogia Portugal. O povo português está a dar um exemplo sobre o que é saber viver em comunidade com os interesses de todos. Não podemos ter medo. Ninguém tem as condições que têm os profissionais de futebol. É uma questão de saber controlar os teus jogadores (assista ao vídeo da CMTV)”.
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