Hernanes Hernanes: decisivo na reestreia com a camisa do São Paulo. Foto: Rubens Chiri/ saopaulofc.net

Na temporada em que reforços badalados refugam, Hernanes prova que pode salvar o São Paulo

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O Palmeiras investiu em Felipe Melo. O volante não foi relacionado para a partida contra o Avaí sob a alegação de estar “tumultuando o ambiente”. O alviverde aplicou um caminhão de dinheiro na compra do colombiano Borja. O Rei da América insiste em refugar e perdeu posição para Deyverson. O Botafogo apostou em Montillo. Lamentavelmente, o meia não suportou a sequência de contusões, foi honesto com o clube, pediu para sair e anunciou a aposentadoria. O Flamengo foi buscar Conca na China. O meia só esteve em campo 15 minutos nesta edição do Campeonato Brasileiro…

Numa temporada em que o custo-benefício de reforços caros e badalados é questionado, os estreantes Hernanes e Marcos Guilherme mostraram ao menos coração na histórica virada do São Paulo sobre o Botafogo no Estádio Nilton Santos, por 4 x 3. Ok, é inaceitável um time que vencia por 3 x 1 permitir a virada dentro de casa. Aliás, é a primeira vez no ano que o Botafogo sofre quatro gols. Em 46 jogos! No máximo, havia perdido por 3 x 2 para o Fluminense pelo Campeonato Carioca. Mais motivo ainda para não tirar os méritos do esforçado São Paulo comandado por Dorival Júnior.

Hernanes profetizou que o São Paulo não será rebaixado para a segunda divisão. Falou e fez a parte dele. O meia tem uma sorte danada contra o Botafogo. A primeira partida oficial dele foi contra o time carioca, no Brasileirão de 2005. Três anos depois, marcou o gol da virada tricolor sobre o mesmo Botafogo, na mesma arena, por 2 x 1. O triunfo de 2008 marcou a arrancada para a conquista do hexacampeonato. Pois Hernanes balançou novamente a rede do Glorioso e tirou momentaneamente o São Paulo da zona de rebaixamento. Dorme em 15º antes de ligar o secador neste domingo contra o Coritiba e o Atlético-PR.

Ao contrário do que se imaginava, Hernanes não foi o meia centralizado no aguardado sistema 4-2-3-1. Dorival Júnior começou o jogo de um jeito diferente, com volantes formando um triângulo — Jucilei, Petros e Hernanes — Cueva à frente do trio no papel de ponta de lança, atrás de Lucas Pratto, e Marcinho (que certamente perderá posição para Marcos Guilherme) com liberdade de movimentação.

A determinação de Hernanes pode ser o ponto de virada do São Paulo neste Campeonato Brasileiro. Antes da Copa de 2014, fiz uma entrevista com o Profeta e ele contou como virou ambidestro. Disse que ficava chutando a bola incansavelmente na parede com a perna esquerda. “Meu pai desde pequeno sempre incentivou isso. Nunca deixou faltar bola oficial em casa. Ele não podia ver uma bola oficial na televisão que comprava. Foi isso. Ele sempre incentivou.Depoiseuqueria ser canhoto. Como eu já sabia chutar pela direita, comecei a fazer tudo com a esquerda”.O centésimo gol da carreira de Hernanes foi justamente de canhota. Portanto, no que depender do persistente, obcecado Hernanes, o São Paulo tem tudo para se afastar rapidinho do Z-4.

No que depender da vontade de Marcos Guilherme também. O outro estreante da histórica virada marcou dois gols e exalou vontade de dar a volta por cima. “Tive um ano e meio muito difícil. Só quem está comigo sabe. Não foi uma estreia minha e do Hernanes, foi do grupo todo”, desabafou na saída de campo.

Eu sei, ainda é cedo para dizer que Hernanes e Marcos Guilherme farão a diferença na corrida de recuperação do São Paulo. Porém, reforço, ao menos na primeira exibição ambos deram amostra grátis de que compraram a ideia de honrar a camisa que decidiram vestir. Bem diferente de outros badalados. Sorte da torcida tricolor. Faltam 21 rodadas para Hernanes cumprir a profecia.