Star Trek – Beyond!

Publicado em Cinema

É tão bom quando alguém que te entende e gosta de você resolve fazer parte da sua vida! Essa foi a sensação da entrada de Simon Pegg em Star Trek, primeiro como ator e agora como roteirista. Pegg, que no filme interpreta o engenheiro Scott, sempre declarou ser um fã da saga. E isso foi confirmado da maneira mais gostosa que eu poderia imaginar. Ele trouxe para as telonas o prazer de se assistir a um episódio da série clássica nas telinhas.

simonpegg759

Muitos fãs não gostaram das mudanças que J.J. Abrams fez na franquia: deixar o Spock mais sentimental, transferir falas clássicas de um personagem para outro, mudar andamentos de elementos clássicos etc. Mas não faço parte desse time. Realmente curti e comprei as ideias apresentadas nesta nova saga de Star Trek. Não que não existam alguns problemas e paradoxos a serem resolvidos, mas no geral tenho curtido.

 

Agora a direção é assinada por Justin Lin, e algumas tomadas, por exemplo, trazem uma dinâmica na ação que não curti de início. Mas, com o andar do filme, comecei a me acostumar com a proposta do novo diretor e ADOREI o resultado. Ainda assim, senti que, por aumentar a velocidade das cenas, ele acabou perdendo um pouco do peso das coisas. Foi o que aconteceu com a batalha épica entre as naves e os infinitos destroços na tela. Senti falta do peso físico dos objetos, queria ter sofrido o impacto dos torpedos sendo atirados, o phaser atingindo seus alvos, as carcaças das naves trepidando ao serem arrancadas etc.

batalhatrek

Star Trek Beyond se passa quase três anos depois de Into the darkness, quando finalmente a Enterprise sai em sua saudosa missão de cinco anos para explorar os confins do Universo. Logo no início da trama, vemos um Kirk já cansado, sem a mesma motivação de explorar o espaço como antes. É bacana perceber como esse recurso simples traz um movimento para a mudança motivacional que permeia toda a história. Ele deixa de ser o Kirk “Eu sou um pavão, me deixa voar!” e se torna algo mais próximo da série clássica.

 

Também gostei bastante da relação entre Maccoy e Spock. Foi muito bom ver o quão diferente são e quão bem funcionam juntos. Outro destaque foi Sofia Boutella como a Jaylah, uma alienígena encontrada em Altamid que embarca na aventura ao lado dos tripulantes da Enterprise! Sua estratégia de combate utilizando bugigangas eletrônicas e armadilhas tecnológicas para sobreviver a transformou em uma badass que só agregou ao grupo. Sem contar que, pela primeira vez, achei uma alien bonita.

star-trek-beyond-jaylah

Beyond agrada por parecer um superepisódio da saga Star Trek. Ele é divertido, interessante, tem ação, bons personagens e mais alguns méritos. O ponto fraco acabou ficando do lado do vilão: uma espécie de colmeia alienígena que funciona em sincronia no planeta aonde eles chegam. A ideia de o alien agir em enxame não é nova, mas é muito legal. As cenas de ação envolvendo as naves inimigas são ótimas e, como um vilão em si, o próprio enxame seria problema suficiente para ser resolvido na trama. Mas, além disso, há seu chefe maligno, que domina tudo e que não me convenceu de nenhuma de suas motivações. Tem uma virada desnecessária que prolongou o filme e saiu da curva de expectativa. Uma pena.

 

Infelizmente, para esse filme, tivemos duas perdas inestimáveis: Leonard Nimoy, que faleceu em fevereiro de 2015, e, mais recentemente, Anton Yelchin, que morreu num trágico e bobo acidente de carro. Anton interpretava o russo Pavel Chekov, que era, acho eu, o oficial tático ou navegador da nave – não lembro se nos filmes ele foi promovido ou não –, e foi um ator que trouxe um toque de humor bem suave para a nova saga, o que tem sido bastante explorado pela direção. Sua ausência em futuras produções certamente nos fará falta.

 

Entretanto, nada feriu a diversão de ver mais um filme de Star Trek nos cinemas.