Nunca imaginei que fosse dizer isso, mas acho que estou começando a gostar de filmes de terror.
Na verdade é cedo para dizer, mas esse é o segundo a que assisto no mês e, de novo, ao sair do cinema, tive vontade de ver outra coisa do gênero. Será que estou amadurecendo? Na verdade, tenho percebido que ficções de terror são ótimas para analisarmos tramas e experimentarmos ideias. Existe uma permissividade no fato de se aceitar o oculto que abre um espaço para o uso de narrativas e elementos de construção do roteiro que não vemos tão facilmente em outros gêneros.
O sono da morte é um bom exemplo. Basicamente é a história de um menino de oito anos que tenta se privar de dormir porque toda vez que se rende ao sono coisas estranhas acontecem. Esqueça Freddy Krueger, não tem nada a ver com ele.
O interessante é que o filme começa meio duvidoso, com cara de coisa ruim, sem muita pretensão. Cheguei até a pensar que ele fosse se restringir àqueles recursos de dar sustinho na gente, mas a proposta é outra e bem mais legal do que essa. Ele desenvolve o relacionamento de um casal de uma forma bem possível e, apesar de não haver atuações sensacionais, os personagens convencem. Isso é necessário para aceitarmos as escolhas do roteiro. Este, aliás, chega a ser bem dramático, mas traz elementos de equilíbrio para o drama que me agradaram. Além disso, apesar de cair num campo bem vasto para se explorar (sonhos), o foco permanece numa faceta bastante peculiar: a imprevisibilidade do sonho, sua ligação com o inconsciente e os problemas que isso pode gerar.
O filme respeita o espectador e não entrega tudo de mãos beijadas. Alguns detalhes excelentes da história só serão percebidos por poucas pessoas, as mais atentas. A construção da trama é um ponto forte, pois me pareceu bem fechadinha com a proposta original.
Se você é cagão e quer enfrentar seus medos, esse filme é uma boa pedida.
