“Acredito na honestidade absoluta e em mentiras sociais sensatas. ”
– Neil Gaiman
Resolvi escrever assim que acabei de ler. Se não faz sentido agora, depois é que não vai fazer. Como um sonho: quando se acorda, não dá para lembrar mais do que fragmentos, quadros. Mesma coisa com O oceano no fim do caminho (que recomendo). Só que Deuses americanos é muitos graus de magnitude mais estranho e surreal. Mas, como num sonho, quando você está dentro, tudo faz sentido.
Não vou fazer uma resenha clássica, não tenho competência pra isso. A cada texto, tenho que achar uma desculpa nova para esconder esse detalhe meramente formal. A desculpa desta vez é que você deve ler esse livro com o mínimo de informação possível sobre o enredo. Conhecimento de mitologias variadas, principalmente nórdica e egípcia, vai ajudar. Aliás, se mitologia e religião antiga não é sua praia, melhor pensar bem: são mais de quinhentas páginas.
Também não consigo dizer por que você deve ler. Eu resolvi ler porque soube da adaptação que está anunciada para este ano. É sempre mais seguro, ainda que mais doloroso, ler o livro antes da adaptação. O desapontamento será inevitável, mas valerá o prazer de criar aquele mundo na sua cabeça, do seu jeito. Não gosto de imaginação de segunda mão.
Quarto parágrafo e eu ainda não disse nada. Leia o livro, cara, é legal. Leia antes de assistir à série. Não diga que eu não avisei.
É difícil dizer qual o centro da história. São tantas linhas de raciocínio entrelaçadas, são tantas hipóteses levadas ao extremo. Mas o que ficou para mim foram duas coisas: 1) seres humanos acreditam, não importa em que ou quem. Cada um acredita em algo à sua imagem e semelhança e 2) seres humanos nunca param de acreditar, eles só passam a acreditar em outras coisas. Está aí: o livro é uma mistura de mitologia, fantasia, terror, suspense e tudo mais (lembra Sandman nesse aspecto), mas é, além disso, sobre fé.
Se você já leu, gostaria de ouvir opiniões, impressões, na verdade. Sinta-se à vontade…
Texto escrito por:
– Dona Tereza –
“Saia do meu gramado!”