Existem certos filmes que te proporcionam um verdadeiro momento de epifania. Pro Diogo, a revelação veio com A origem dos guardiões; pra mim, foi com Beleza oculta.
Eu sempre fui melodramática, e a morte, principalmente a dos outros, sempre foi uma questão com um peso quase insuportável. Pro Diogo, não importa muito aonde chegar, o que vale é como chegar. Por isso, ele sempre saiu em busca de um cerne (ele é o Jack Frost em tudo!). Já pra mim, é quase uma obrigação saber pra onde e por que estou indo, pois acho que tenho uma obrigação a cumprir, um objetivo maior nesta loucura narrativa que é a vida. Por isso, sempre surtei com o propósito disso tudo.
E é exatamente sobre propósito que fala Beleza oculta. Não é bem a respeito dessa tal beleza em si – aliás a escolha do título não foi das melhores, porque o foco definitivamente não é esse –, mas como ressignificar a vida após uma grande perda.
Na história, Will Smith é Howard, que, após uma tragédia em sua vida, torna-se deprimido e começa a escrever cartas para o que ele considera o tripé da existência: a Morte, o Tempo e o Amor. Com esse mote, trava-se um diálogo sobre o propósito da vida estruturado na inevitabilidade dessas três “entidades”.
O interessante disso tudo é que o roteiro facilmente poderia cair na pieguice, mas isso não acontece. A comicidade e o realismo acabam por neutralizar o que poderia ser um dramalhão com um final em que “o amor vence tudo”, sem negar a profundidade da dor que uma perda pode atingir. É como uma declaração de que o estrago foi feito, mas é preciso saber lidar com ele, porque não somos capazes de dominar nenhum dos três pilares da existência.
Não se trata de um filme vencedor de Oscar, pelo contrário; o roteiro é simples, as atuações são regulares, mas de alguma forma ele me fez ter a cara estupefata do Anton Ego em Ratatouille e me surpreendeu.
Acho que encontrei meu propósito.
Texto escrito por:
D.Maria
“Resolve isso logo!”