duas irenes

As Duas Irenes (2017)

Publicado em Cinema

 

Em As Duas Irenes, uma menina de treze anos, numa cidadezinha de interior qualquer, descobre que o pai tem outra família, outra filha, da mesma idade, com o mesmo nome. Essa é a sinopse. Mas a traição é apenas o ponto de partida dessa história. Fabio Meira, diretor e roteirista, transformou uma história comum numa obra de arte. A infidelidade, na verdade, pode ser considerada um detalhe. Diria que As Duas Irenes é uma história sobre ter treze anos. É nostálgico.

O longa estreou no festival de Berlim, onde teve recepção excelente. Foi exibido em festivais na América Latina, nos Estados Unidos, e ganhou quatro prêmios no Festival de Cinema de Gramado: roteiro, direção de arte, júri da crítica e ator coadjuvante para Marco Ricca.

O filme é feito de sutilezas. Tem um ritmo tranquilo e uma fotografia simples, mas cheia de beleza. As surpresas estão nos diálogos, nas reações, nos olhares e no final, que foi genial. As atrizes que interpretam as Irenes, Priscila Bittencourt e Isabela Torres, estão excelentes.

No entanto, não pense que se trata de um filme adolescente. É um filme sobre a adolescência, retratada com uma sensibilidade despretensiosa e sem sentimentalismo por Meira.

Depois da sessão, teve um bate-papo com o Fábio, a Priscila, a Isabela e a Maju Souza. Vou comentar algumas coisas interessantes:

De onde veio a inspiração para a história

O diretor tem um caso na família (e quem não tem?). Duas filhas do mesmo pai com o mesmo nome. Mas esse não é o foco. Legal mesmo foi o que ele fez com esse “gancho”.

As atrizes não leram o roteiro

Pois é. As mães das meninas que leram. Na hora de gravar as cenas, o Meira dizia para cada uma do que se tratava a cena e elas improvisavam. Ele adotou esse método porque não queria que elas ficassem presas às falas do roteiro, o que poderia dar um ar “televisivo”.

As atrizes

Priscila Bittencourt tinha treze anos na época das filmagens. Fiquei impressionada como ela entrou no personagem e conseguiu transmitir as emoções que a narrativa demandava. O diretor comentou um pouco sobre o processo de seleção das atrizes. De 250, cerca de 20 foram selecionadas para um oficina; nessa oficina, Priscila e Isabela foram escolhidas. O sucesso da narrativa dependia das protagonistas, e elas fizeram um excelente trabalho.

Filme mais do que recomendado, com uma ressalva: não é para todo mundo. Como qualquer outro. Cada filme tem seu público.

 

Trailer:

 

Texto por:

DnTereza

 

 Dona Tereza –

  “Saia do meu gramado!”

@dnatereza