Moral da história
Políticos que assistiram ontem à entrevista dos procuradores em Curitiba têm convicção de que tudo ali foi calculado para deixar claro que as instituições responsáveis pela investigação não estão brincando. Eles não só têm tudo detalhado sobre o desvio de recursos, como identificaram os donos das empresas intermediárias do esquema. Em outras palavras, foi algo do tipo “não adianta tentar anular a nossa investigação porque, desta vez, não vai colar”. A classe política entendeu o recado, mas não vai deixar de lutar pela própria sobrevivência. Ou seja, a guerra, no caso dos políticos, está apenas começando.
A conversa virá, mas…
Lula e Fernando Henrique Cardoso podem até conversar daqui a duas semanas, mas só se for em local público e sabido. Porém, há quem diga que esse papo cabeça será tarde demais, uma vez que, em 16 de agosto, haverá manifestações contra o governo e contra a corrupção. Há quem diga que Dilma só tem uma chance: mostrar ao eleitor que a Lava-Jato só tem prosseguimento porque é ela a presidente da República. Falta combinar com a população, com o PT e com os aliados e também conseguir arrefecer a crise econômica.
Orçamento & impeachment
O governo não vai liberar todas as emendas dos parlamentares ao Orçamento de uma só vez. A ideia é guardar algumas para a hora em que projetos de vida ou morte estiverem em votação. Esse recurso só não funcionará se essa votação for um pedido de impeachment. Geralmente, quando um processo desses chega ao plenário da Câmara, as ruas já decretaram o resultado.
Rede de intrigas
Em conversas com amigos, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atribui a Edinho Silva, ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo, as notícias sobre o Planalto e o PMDB estarem tratando da sucessão no comando da Câmara. “Querem me intrigar com o Michel. Não vai colar”, disse Cunha.
Por falar em Cunha…
Ele não deixará na gaveta os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os pedidos que preencherem os requisitos constitucionais vão tramitar normalmente. Os que não estiverem dentro do que determina a Constituição serão arquivados. O pente-fino começa em agosto, no retorno dos trabalhos da Casa.
“Se a cúpula do PMDB vai ficar com Dilma, que a leve para casa. A base do partido não a quer”
Do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), sobre as declarações do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que reforçou o apoio à presidente Dilma Rousseff neste momento de crise
Marcelo e Dilma/ Ontem, em Brasília, muitos relembravam, com a pulga atrás da orelha, aquela conversa de 20 minutos que a presidente Dilma teve com Marcelo Odebrecht no México, em maio.
Por falar em Odebrecht…/ Os aliados de Eduardo Cunha (foto) são unânimes em afirmar que o presidente da Câmara só terá problemas se as provas contra ele forem tão robustas e detalhadas quanto as apresentadas ontem contra a Odebrecht.
Bateu o medo…/ Com a transferência de presos da Lava-Jato da carceragem da Polícia Federal para uma penitenciária, a aposta é a de que estamos bem próximos da 16ª fase da operação, com novas prisões. Vai ter muita gente passando a noite em hotéis nos próximos dias.
…Mas não em todos/ A classe política, por enquanto, se julga fora desse perigo. Os políticos envolvidos no mensalão, por exemplo, só tiveram a prisão decretada depois de concluído o julgamento