No papel de relator da CPI da Covid-19, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) enfrenta uma saia justa nesse período de aprovação dos requerimentos de convocações e informações. Um dos momentos em que Renan demonstrou contrariedade na sessão desta manhã foi quando o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) pediu a aprovação de pedidos de informações sobre a operação Falso Negativo, da Polícia Federal, no DF. Olhando para Izalci, Renan foi direto: “Quem tem algum problema com o seu governador, não é aqui que vai resolver”. Izalci é potencial candidato a governador do DF pelo PSDB. E o governador Ibaneis, ao que tudo indica, disputará a reeleição pelo MDB e já foi inclusive citado como um potencial nome para um jogo nacional dos emedebistas. A CPI pode resultar em desgaste, ainda que o relator seja do MDB e o governador, à época, tenha afastado todos aqueles que terminaram enroscados na operação da PF.
A operação investigou a compra e testes para detecção de covid-19 e o inicio da testagem da população, quando esses testes eram escassos e ainda não estavam disponíveis nos laboratórios comerciais. A operação resultou inclusive na prisão de autoridades de saúde do DF e o afastamento do então secretário de Saúde, Francisco Araújo. As investigações levantaram inclusive autoridades e políticos que passaram na frente na fila da testagem para visitar parentes.
O jogo está só começando
Com a ajuda de outros senadores da CPI, Izalci conseguiu aprovar os requerimentos, uma vez que um dos objetivos da CPI é investigar repasses federais aos estados e municípios para ajudar no combate à pandemia. Serão alvos todas as unidades da federação que receberam recursos, tiveram problemas, enfrentaram operações da PF. Inclusive o DF. Nesse sentido, os embates políticos serão inevitáveis e, nessa fila, há outros estados que terão mais visibilidade do que do DF.
Ainda não foi aprovada a convocação e governadores, mas isso não significa que, mais à frente, os senadores tentem levar esse grupo a prestar esclarecimentos. Nesta reunião de hoje, houve um pedido de convocação dos governadores do Pará, Helder Barbalho, da Bahia, Rui Costa, do Amazonas, Wilson Lima, e de São Paulo, João Doria. Esses pedidos não chegaram a ser apreciados, porque foram considerados fora do contexto da CPI, que não foi feita para investigar os gestores estaduais. Por isso, antes de ter acesso às informações sobre a aplicação de recursos federais, os senadores concluíram não há como argumentar em favor dessa convocação. Mas, se lá na frente, houver justificativa para chamá-los a depor, esse pedidos voltarão a ser apresentados.