Por Carlos Alexandre de Souza –
Natal dos invisíveis e corrida ao Planalto no país da fome
Vinte milhões de brasileiros passam fome no país, segundo as mais recentes pesquisas relacionadas ao tema. A insegurança alimentar, que se agravou muito com a pandemia, afeta, em algum grau, mais da metade da população – 116 milhões de pessoas, para ser mais preciso. Esse contexto de miséria e exclusão social torna ainda mais tocante a mobilização de voluntários para doação de alimentos a famílias neste Natal. No país onde se comem ossos para atender à necessidade de nutrientes, as iniciativas da sociedade civil denotam um esforço de compensar as lacunas colossais deixadas pelo poder público.
Em 2020, no momento crítico da pandemia, o governo Bolsonaro lançou o auxílio emergencial para fazer frente ao choque social que representava o avanço do novo coronavírus. Para 2022, a ajuda aos mais vulneráveis se transformou no Auxílio Brasil, a maior aposta social do presidente da República em busca da reeleição. No comando da máquina pública, Bolsonaro seria, em tese, o candidato com mais chances de mostrar o comprometimento com os chamados “invisíveis” que causaram tanto espanto no ministro Paulo Guedes. O presidente, no entanto, prefere ver sua imagem associada a outros grupos, como policiais federais, militares e conservadores.
É na área social que se desenrolará um dos debates centrais para as eleições de 2022. Nesse ponto, as circunstâncias pesam a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder das intenções de voto para a Presidência. As pesquisas eleitorais indicam que a preferência por Lula cresce exponencialmente nos estratos mais vulneráveis da população. Nunca é demais lembrar, ainda, que um dos carros chefes da primeira eleição de Lula ao Planalto foi precisamente o programa Fome Zero. Vinte anos depois, em um contexto pandêmico, o combate à fome dominará o debate eleitoral, particularmente entre os candidatos ao Palácio do Planalto.
Futuro comprometido
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se juntou ao coro em favor da vacinação infantil contra a covid. “Lutamos no Congresso Nacional para que todos os brasileiros tivessem acesso às vacinas e fossem imunizados. E parte significativa da população brasileira já se vacinou. Com as crianças não deve ser diferente. Não podemos comprometer o futuro do Brasil!”, escreveu em uma rede social.
Herodes na Saúde
Como costuma acontecer no ambiente virtual, o debate sobre vacinação infantil adquire tons agressivos. Nas redes sociais, o pré-candidato Lula da Silva comparou Marcelo Queiroga a Herodes, em razão das declarações do ministro sobre a morte de crianças por covid. Rodrigo Maia (sem partido), ex-presidente da Câmara, foi mais direto. “Esse ministro assassino deveria ser interditado pelo STF. É urgente”.
Direito pátrio
A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), por sua vez, saiu em defesa do titular da Saúde. “Autorizar não significa obrigar”, escreveu. E, em resposta à sinalização de estados e municípios de que não emitirão receita médica para vacinação anticovid em crianças, apelou para o direito pátrio. “Já que os governadores não vão exigir a recomendação médica, espero que respeitem a decisão dos pais. Não estamos falando de vacinas contrárias a doenças infantis!”, argumentou.
Agro clandestino
O balanço das operações do Ministério da Agricultura para combater o trânsito e o comércio irregular de animais, vegetais e insumos agrícolas mostra a existência de um universo paralelo, de caráter ilícito, no agronegócio brasileiro. Somente este ano, mais de 209 toneladas de agrotóxico, 174 toneladas de fertilizantes e 112 toneladas de produtos de origem animal. As ações do Programa de Vigilância em Defesa Agropecuária para Fronteiras Internacionais (Vigifronteira) ocorrem em parceria com os Ministérios da Justiça, da Economia e do Meio Ambiente, além da Abin e do Ministério Público.
ITA é notificada
A Secretaria Nacional do Consumidor abriu processo administrativo para apurar o caso da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA). A empresa suspendeu as operações no último dia 17 e prejudicou mais de 45 mil passageiros. Na notificação, a Senacon estabelece um prazo de 20 dias para que a companhia esclareça a situação. Caso considere as explicações insuficientes, a Senacom pode adotar sanções, que vão desde a apreensão de aeronaves, suspensão de autorização para operar, multas e intevenção.
Partidos & Federações
A formação de federação partidária não agita apenas partidos de esquerda como Psol, PT e companhia. Na última semana, os conservadores PSC e Patriotas deixaram bem encaminhada uma conversa de união das duas siglas para a disputa das eleições do próximo ano. Além de questões estaduais, PSC e Patriotas estão em dúvida quanto a quem apoiar para a presidente da República. Ambos integram a base bolsonarista, mas já não morrem tanto de amores pelo Capitão, até porque foram preteridos por Bolsonaro como opção partidária.
Dúvidas também no DF
Em Brasília o PSC tem um único deputado distrital, Iolando, que integra a base do governador Ibaneis Rocha, mas ainda não sinalizou que rumo tomará na disputa do Palácio do Buriti. Já o Patriotas, sem representação legislativa, está bem inclinado a apoiar uma possível candidatura do senador Reguffe (Podemos) ao GDF e da deputada federal Paula Belmonte (Cidadania) ao Senado.