“Não vou tirar Dilma para botar Eduardo Cunha na presidência da República”. A frase é dita reservadamente a amigos pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Isso porque, em várias conversas que manteve nos últimos dias, o senador saiu convencido de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passa dias e noites cobrando do Ministério Público que volte suas baterias contra o senador. Essa desconfiança contrapôs Renan ao vice-presidente, Michel Temer, que é tido como mais ligado ao presidente da Câmara do que ao grupo do Senado.
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Entre os aliados de Renan, há quem vá mais além e diga que Temer não consegue dizer não a Eduardo Cunha, daí a ira de Renan sobre Temer numa entrevista concedida ontem, em que o senador responsabilizou o vice-presidente por grande parte das dificuldades políticas do momento. Temer, que até aqui pregava a pacificação do país, terá que pacificar primeiro o PMDB. Com o partido dividido e sem o apoio do Senado, ele não governará.
Cantinho da criação
O presidente do Senado, Renan Calheiros, e o líder da bancada, Eunício Oliveira, saíram da casa do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, às 3h30 da madrugada de ontem. As análises saídas dali inspiraram as declarações de Renan contra o vice-presidente Michel Temer. Essa guerra interna vai longe.
Ação & reação
O pedido do Ministério Público de afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara levará o deputado a se aproximar ainda mais do vice-presidente, Michel Temer, e o Supremo Tribunal Federal a trabalhar dobrado esses dois dias até o recesso. Há, entre os ministros, quem diga que não dá para sair de férias deixando esse pedido pendente, ainda que se termine a apreciação do rito de impeachment.
Próximos capítulos
Conforme antecipou a coluna há alguns dias, os partidos de oposição começaram a estudar se há algum ponto do rito de impeachment que permita o ingresso de “embargo de declaração” e, assim, adiar a apreciação final do tema para fevereiro, quando a Justiça retoma as suas atividades.
Romário fora
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, destituiu o senador Romário do cargo de presidente do diretório estadual do partido. A gota d’água foi o envolvimento do tesoureiro estadual da legenda, Wilson Musauer, nomeado pelo senador, em caso de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha no Rio de Janeiro.
Levy fora
O meio político já trata Joaquim Levy como ex-ministro da Fazenda. Consideram que ele está apenas “fazendo a transição”.
Porta errada/ Ainda de pijamas na manhã de terça-feira, o vice-presidente do conselho de Ética, Sandro Alex (foto), assistia ao noticiário na tevê. Justamente quando um repórter informava “a Policia Federal realiza neste momento 53 mandados de busca e apreensão…”, toca a campainha. Pelo olho mágico, Alex se depara com dois homens de terno. Abre a porta e… “O senhor me desculpe, erramos o apartamento”, comenta um dos engravatados. Alex volta à frente da tevê sem esticar a conversa ou fazer perguntas.
Por falar em busca e apreensão…/ A Polícia Federal se apressava ontem a esclarecer que não houve esse tipo de ação relacionada ao líder do PP, Dudu da Fonte. Nem na casa e nem no escritório.
Ponto para Aécio/ Na briga por espaço dentro do PSDB, o presidente do partido, Aécio Neves, terá um aliado na liderança do partido na Câmara. O deputado Antônio Imbassahy, da Bahia, venceu outro baiano, o deputado Jutahy Júnior, ligado ao senador José Serra.
Papéis trocados/ Depois que foi divulgado que Fernando Baiano “pegou” a delação premiada do ex-diretor Nestor Cerveró, os deputados brincavam que o ministro Luiz Edson Fachin “pegou” o voto do ministro Gilmar Mendes, dada a decisão de manter a votação secreta feita pela Câmara para fazer a comissão especial.