Coluna Brasília-DF
A quatro dias do envio do orçamento de 2020 ao Congresso, o primeiro do governo Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu praticamente todos os valores a serem destinados aos ministérios. Os experts em Orçamento, dentro e fora do governo, afirmam que a medida é deliberada para pressionar a agenda de privatizações e, consequentemente, o incremento das despesas dos ministérios.
Só tem um probleminha: a reclamação é grande. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, já enviou uma série de pedidos a Guedes, sem resposta. Há quem sinta um cheiro de que Moro está preparando sua saída do governo. Se for, a falta de recursos para cumprir a missão de combate à corrupção e à violência servem perfeitamente como o sapatinho de cristal no pé de Cinderela.
Bolsonaro na trincheira…
Hoje, na reunião com os governadores do Norte, as expectativas são as de que o presidente Jair Bolsonaro volte a atacar ONGs e grileiros pelos incêndios na Amazônia. Dirá, ainda, que o país aceitará toda a ajuda para combater o desmatamento, mas sem abrir mão da soberania. Ninguém aposta que a forma rude com que ele se referiu ao presidente da França, Emmanuel Macron, seja abandonada.
…e no púlpito da ONU
A avaliação do governo é a de que a viagem do presidente para a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 24 de setembro, ganhou um peso muito maior do que o esperado. É que a ONU será o palco de discussão das propostas para preservação da floresta. Será o discurso mais importante do presidente Bolsonaro desde que assumiu o poder. Para alguns, pode ser o “nascimento” de um presidente na liturgia do cargo, uma vez que estará há 38 semanas no comando do país.
Popularidade versus economia
Apesar das falas de Jair Bolsonaro, tem gente no próprio governo ensaiando debitar da conta de Paulo Guedes uma parcela da fatura das últimas pesquisas, que apontam queda de popularidade. É que Guedes, até agora, só entregou (em parte) a aprovação da reforma da Previdência, mas a esperada recuperação econômica ainda deixa a desejar. Começa a se criar a sensação de que o atual governo não aproveitou a situação “menos pior” deixada pela equipe do ex-presidente Michel Temer depois da recessão no final do governo Dilma. É aí que mora o perigo.
O calvário do Pactual
Ao ver suas ações em queda, o banco BTG Pactual S/A correu para rebater e negar veementemente todas as denúncias apócrifas que circularam pelas redes sociais sobre um depoimento à Lava-Jato, em que um sujeito dizia existir, no banco, um esquema semelhante ao da Odebrecht. Ok. Porém, muitos operadores do mercado financeiro não se esquecem as dezenas de comunicados que a Odebrecht soltou no início da Lava-Jato, negando veementemente qualquer irregularidade ou pagamento de propina.
As apostas do DEM I/ Inteligência artificial, futuro da alimentação, cidades inteligentes, propriedade de dados, bioengenharia, empregos do futuro e internet das coisas são os temas que o Democratas pretende tratar com seu novo fórum, Modernizar, a partir de novembro.
As apostas do DEM II/ Para chamar a atenção do Modernizar, a palestra de abertura ficará a cargo de Yuval Noah Harari, o filósofo israelense que tem feito a cabeça das pessoas pelo mundo afora, com os livros Sapiens, Homo Deus e 21 Lições para o Século 21. À mesa com Harari, em novembro, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do DEM
Rio Branco compacto/ Diplomatas faziam piada ontem sobre o tuíte em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fala sobre estudos de história no site Brasil Paralelo para a sabatina no Senado. Diziam que o parlamentar está fazendo um “supletivo” para ocupar um dos postos mais altos da carreira.
E Piñera virou “o cara”/ O presidente chileno, Sebastian Piñera, virou o principal interlocutor dos europeus sobre a Amazônia. De centro-direita, como Macron, Piñera deixou o Brasil, leia-se o presidente Jair Bolsonaro, na posição de extrema direita e com uma interlocução menor na Europa. Quanto mais provocações vierem de parte a parte, pior ficará.
Reformas econômicas em debate/ A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) recebe hoje o secretário da Receita, Marcos Cintra, e o seu adjunto, Marcelo de Sousa Silva, para o “café com autoridade”, no Hotel Kubitschek Plaza. Na pauta, a reforma tributária e a agenda econômica.