PMDB, o fiel da balança
Em conversas reservadas, os políticos não têm mais dúvidas: se o PMDB pender para a oposição ou sentir a chance de sobrevivência longe da sombra da árvore petista, que, aos poucos, vai desfolhando, a possibilidade de o governo virar o jogo é zero. Esse portal se abriu ontem, quando Cid Gomes, ainda investido no cargo de ministro da Educação, citou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era acusado de achaque e ainda usou a expressão “oportunistas” para se referir aos parlamentares. Dilma, entretanto, rapidamente, fechou esse portal e, antes do cair da noite, demitiu Cid.
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Esse foi o primeiro gesto de deferência da presidente de forma mais direta a Eduardo Cunha depois das manifestações de domingo. E, a contar pelas conversas que Dilma mantém com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o
ex-senador José Sarney (PMDB-AP), ela se mostra disposta a usar, com o PMDB, a mesma régua que o PT usa hoje com João Vaccari: todos são honestos até que se prove o contrário. Daí a chamar Eduardo Cunha para uma conversa será um pulo. Até aqui, Dilma só não se mostra disposta a mexer em Aloizio Mercadante, seu ministro da Casa Civil.
Mercadante. De novo
Ainda assim, os políticos vão balançar a árvore palaciana para ver se conseguem derrubar Mercadante. Para quem achava que o ministro estava meio quieto, ele, na última reunião do Jaburu, naquela fala para encerrar a conversa, voltou a repetir que as manifestações foram obra dos eleitores do PSDB. Destoou do discurso do vice-presidente da República, Michel Temer, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Deprê
O ex-presidente da Transpetro Sergio Machado tem avisado a amigos que não ficará sozinho caso tenha que responder por uma compra de navios.
Fusão…
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), aproveitou uma viagem a Brasília para visitar o vice-presidente da República, Michel Temer. Trataram da perspectiva de fusão do DEM com o PMDB. Se tudo correr bem, o projeto sairá lá para setembro, em tempo de o partido resultante concorrer às eleições municipais de 2016.
…A frio
A dúvida dos democratas é se o PMDB deseja mesmo partir para uma posição de maior independência em relação ao governo. Por enquanto, uma turma do DEM vê o PMDB cada vez mais governo. E, se essa tendência se confirmar, o caminho do DEM será mesmo o casamento com o PTB de Roberto Jefferson.
Silencioso
Sem estardalhaço, o ministro da Pesca, Helder Barbalho, tem trabalhado para reduzir 20% das despesas da pasta. Já cortou carros alugados e vai devolver o prédio onde funciona a sede.
Trinca/ O único estado a ter seus três senadores citados na Lava-Jato foi Alagoas — Fernando Collor (PTB), Benedito de Lyra (PP) e Renan Calheiros (PMDB). Os alagoanos ironizam, dizendo que foi goleada. “Vamos pedir ao Tadeu Schmidt música nos gols do Fantástico!”
Éramos seis/ Cid Gomes ainda estava na tribuna no maior bate-boca, quando, no fundo do plenário, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) emendou: “Cid Gomes falou que a turma do achaque está na base do governo. Tomando os 400, sobram 113. A oposição tem 107. Eu estou nesses seis que restaram nos partidos governistas”.
Pitonisa/ Há meses, Ciro Gomes disse que, se Eduardo Cunha ganhasse a presidência da Câmara, os Gomes deixariam a base do governo. Sair do ministério, avisam alguns, é o primeiro passo
nessa direção.
E a pesquisa, hein?/ Os 13% de aprovação da presidente Dilma levaram muitos parlamentares a sair com esta: “A Dilma é tão marqueteira que até a popularidade dela é 13!”.
[FOTO2]Enquanto isso, nas redes sociais…/ Internautas resgatam fotos antigas de petistas no “Fora, FHC” e comparam com as de hoje do “Fora, Dilma” (foto). Papéis trocados num desgaste sem precedentes.