Dilma e Levy
Dia desses, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou influenciar a política monetária, propondo à presidente um aumento dos juros dos financiamentos agrícolas. A presidente não topou e ainda deu um chega para lá no seu guardião da economia ao dizer que ele deve cuidar da política fiscal, não da política monetária. Diante do aviso de que a manutenção dos juros dos financiamentos aos produtores poderia gerar inflação, ainda que por um curto período, Dilma foi taxativa: “Eu preciso dinamizar a economia em algum lugar”.
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A presidente, pelo menos no que se refere ao setor agropecuário, não deixará Levy solto no salão. Isso, somado ao embate em torno dos cortes inferiores ao que havia sido projetado pela Fazenda, pode terminar deixando Levy numa situação insustentável. Ainda que alguns petistas estejam pedindo a cabeça do ministro, Dilma sabe que não pode entregá-la, sob pena de ver a economia migrar para o brejo de vez. Portanto, podem esperar: quem observa a cena palaciana com cuidado aposta que o próximo gesto da presidente será no sentido de tentar segurar e prestigiar seu ministro da Fazenda. Vamos ver.
Jogo zerado…
Nos últimos dias, houve quem aconselhasse o governo a deixar os cortes no Orçamento deste ano para depois de aprovado o ajuste fiscal. Agora, depois de anunciado o contingenciamento, a intenção de muitos congressistas aliados é trocar a aprovação do pacote pela liberação imediata das emendas parlamentares.
…E sem solução
Essas emendas não podem ser objeto de contingenciamento, nem o foram. O problema é que os políticos estão desconfiados de que, depois do anúncio de sexta, virá uma represa dessas verbas na boca do caixa, de forma a passar essas emendas aos restos a pagar no fim de 2015, que terminam, na visão mais otimista, liberados em 2016. Daí a cobrança antecipada das liberações. O governo já avisou que não tem recursos suficientes para atender a todos agora.
Marina do Rio
Que ninguém estranhe se a ex-senadora Marina Silva registrar domicílio eleitoral no Rio de Janeiro. Ela é uma das opções para disputar a prefeitura em 2016, ano das Olimpíadas. Não dá para esquecer que, em Londres, há quatro anos, Marina foi destaque ao entrar, na cerimônia da abertura, com a bandeira dos Jogos.
Gestos & acenos
O fato de o governo encaminhar a votação da “emenda do Parlashopping” a favor do desejo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi proposital e sob encomenda para tentar aplainar o terreno entre o Planalto e o presidente da Câmara. A ordem, dizem os palacianos, é ir a favor das PPPs, criadas pelo governo Lula. Se, lá na frente, a obra não sair por causa da carência de recursos diante de uma economia em crise, não será problema do governo.
CURTIDAS
Descanse em paz/ Pelo menos para o Plano de Seguridade Social dos Congressistas, o ex-deputado José Janene está morto, sim. O repórter André Shalders descobriu que, na conta da Câmara, o ex-deputado deixou pensões para os três filhos: José Salomão Janene, José Mohamed Janene Júnior e José Ibrahim Janene. Os benefícios, de R$ 8,2 mil, são pagos, religiosamente, desde 14 de setembro de 2010, data oficial do falecimento do político do PP.
Valdemar circula…/ Desde que foi colocado em prisão domiciliar, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, do PR-SP, condenado no processo do mensalão, passou a morar num hotel em Brasília. Assim, pode descer para o lobby sem sair de casa.
…E frisa/ Em todas as conversas que tem tido, Valdemar lembra que o PR nada tem a ver com o petrolão, apenas com o mensalão. Sempre soa como quem diz: “Nosso pecado, já pagamos”.
Nome de peso/ O setor de TI baixou na Câmara a fim de lutar pela manutenção da desoneração que fez gerar empregos e ajudou a segurar a economia. À frente do grupo, está o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa.