O café da manhã da presidente Dilma Rousseff com os jornalistas deixou uma série de recados a vários setores. À Força-tarefa da Lava Jato, críticas sobre o vazamento seletivo, com frases do tipo, não dá para ter dois pesos e duas medidas. Ao Tribunal de Contas da União, que avalia os acordos de leniência de empresas que tiveram seus executivos enroscados na investigação, ficou o “pune-se pessoas, não se destrói empresas”. À oposição, uma observação: “É preciso ter responsabilidade” e mencionou ainda que não dá para apostar no quanto pior, melhor. À base aliada, está posta a agenda do governo de curto prazo: Desvinculação de Receitas da União (DRU), CPMF, e as medidas provisórias em tramitação no Congresso. Quanto perguntada se é possível investir politicamente nessa pauta com um processo de impeachmment tramitando no Congresso, Dilma é clara ao dizer que a CPMF é um aprioridade e “não dá para o país ficar parado esperando se vai ou se não vai” (votar o impeachment).
O foco do governo é tentar estabilizar a economia, de forma que o país consiga voltar a crescer. Ela não antecipa que medidas adotará para isso, mas cita a necessidade de reforma da Previdência para melhorar as perspectivas para as próximas décadas. Embora seja ano eleitoral, ela considera que o país precisa enfrentar essa reforma, em especial, a revisão da idade mínima. Ela faz questão de frisar que não se mexe em quem já está no sistema é sim para o futuro. Ela descartou também qualquer atitude no sentido de usar as reservas cambiais para financiar o crédito. “Nunca tratamos disso”, afirmou. A impressão que ficou é a de que este ano Dilma pretende falar mais, se apresentar mais para pontuar as propostas de governo, até para deixar clara a visão do governo sobre os fatos.
Dilma não avança o sinal na defesa de ninguém em relação à Lava Jato ou qualquer investigação. Quando perguntada sobre denuncias envolvendo seus ministros, respondeu assim: “Poucos governos tiveram uma relação tão clara e tão explícita na garantia de investigação para todas as questões. Devo ter sido virada do avesso. Podem continuar me virando. Sobre a minha conduta não paira nenhum embassamento, nenhuma questão pouco clara”, disse Dilma.