As Contas de Dilma

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Rejeição em capítulos
 
Mantido o clima de hoje entre os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), a presidente Dilma Rousseff pode se preparar para um período de calvário seguido de crucificação. Muitos deles consideram que o relator, Augusto Nardes, foi tão contundente que ficará difícil conciliar os argumentos com as justificativas a serem apresentadas pelo governo — a maioria delas já conhecidas do Tribunal. Ele só optou pelo prazo de 30 dias para não expor a divisão dos outros sete votantes, dos quais pelo menos quatro seguiriam o relator.

A ideia de Nardes ao se restringir ao “quase-voto” pela rejeição foi buscar uma unanimidade, uma vez que o provável placar indicavam 5 votos a 3 pela rejeição das contas. Para a presidente, melhor seria, na avaliação dos próprios integrantes do PT, que o TCU tivesse logo rejeitado tudo, deixando à presidente Dilma a posição de vítima perante os congressistas. Agora, o governo deve passar por um longo desgaste sem certeza da vitória.

 
Ver para votar
A expectativa dos deputados ontem era votar apenas depois da semana de São João a proposta que reduz a desoneração de tributos a diversos setores. Assim, dá tempo para o governo liberar grande parte das emendas ao Orçamento deste ano e “restos a pagar” de anos anteriores. Com o dia do Santo numa quarta-feira, a bancada nordestina avisou que não pretende comparecer.
 
Sem acordo de gênero
Na última reunião dos ministros do Tribunal de Contas da União para analisar as contas de Dilma antes da sessão plenária, muitos ficaram impressionados com a avaliação duríssima feita pela ministra Ana Arraes, até aqui voto certo contra o governo.
 
Sem acordo de partido
O ministro Vital do Rego é outro que, pelo andar da carruagem, tende a votar pela rejeição das contas. Para quem não se lembra, Vital era senador pelo PMDB e passou pelo constrangimento de ter o nome indicado para ministro do governo Dilma Rousseff sem jamais ser nomeado. O prêmio de consolação foi a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. E, no ano passado, quando candidato a governador, Vital do Rego ainda viu o PT lhe passar a perna e ajudar o adversário.
 
Vetos & propostas
O governo começa hoje uma blitz nos partidos para fazer valer a sua versão do veto ao fator previdenciário. Dirá que é preciso ter parcimônia para evitar que a fonte seque e aí ninguém receberá nada.
 
A última esperança
O PT pretendia ontem aprovar um referendum para que a população decida se prefere o financiamento público ou privado das campanhas eleitorais. É a chance que o partido vê para passar o projeto aprovado no Congresso do partido em Salvador.

CURTIDAS

Simbologia/ Em conversa com amigos, colegas de Luiz Fachin no Supremo Tribunal Federal ficaram impressionados com a quantidade de ministros de tribunais superiores e advogados presentes ao coquetel de posse numa casa de festas em Brasília. “Passou tanto aperto para ser indicado e agora está aqui rodeado por todo o mundo jurídico”, comentou, por exemplo, o ministro Ricardo Lewandowski, admirador do novo magistrado.

 
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Feliciano na época errada/ O ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano, (foto), olhava ontem com um certo ar de que presidiu o colegiado num momento desfavorável: “Caramba, onde é que você estavam em 2013, quando encarei isso tudo sozinho?”

Fui!/ Até o ano passado, a leitura dos pareceres das contas da Republica do TCU eram acompanhada in loco pela maioria dos ministros do Poder Executivo. Desta vez, quem apareceu por lá foi Luiz Adams, da Advocacia Geral da União, e Nelson Barbosa, do Planejamento. Os demais preferiram ficar longe da notícia ruim.

Cheguei!/ A oposição, que não costumava comparecer, foi em peso. O deputado Izalci (PSDB-DF) saiu de convicto de que a chave para o impeachment de Dilma está dali. Os ministros da Corte, entretanto, consideram que é cedo para falar a respeito.