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A pressa, o atraso e a boca são inimigos da perfeição

Publicado em Política

Nem tudo está perdido entre o presidente Jair Bolsonaro e o PL de Valdemar Costa Neto, apesar de o clima nas duas famílias continuar tenso. A declaração do chefe do Executivo sobre ter conversado com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e recebido um sim sobre uma possível candidatura ao governo paulista ajudou a piorar a situação, uma vez que a conversa não passou pelo aceite da bancada do PL nem pelo próprio Valdemar. O presidente da sigla tem dito em conversas com amigos que o partido se precipitou ao fechar o apoio ao vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes. Porém, não dá para Bolsonaro querer impor um candidato a governador, ainda que haja uma divisão no PL sobre o apoio a Garcia.

Os estaduais querem apoiar o neo-tucano, mas os deputados federais têm lá suas dúvidas sobre o fôlego eleitoral do candidato, ainda mais se Geraldo Alckmin disputar o governo pelo PSD ou pelo União Brasil. E, depois que Márcio França quebrou esta máxima, que o governador de São Paulo no cargo não perde eleição, muita gente tem dúvida sobre o futuro de Rodrigo Garcia. O jeito agora é tentar ajustar tudo de forma a agradar a todos. Só tem um probleminha: Bolsonaro também não deseja apoiar Geraldo Alckmin, seu adversário em 2018 e hoje assediado pelo PT de Lula para a vaga de vice na chapa. E Tarcísio de Freitas não tem hoje uma relação com o PL. Da parte do presidente Jair Bolsonaro, porém, as chances de conseguir um partido com comando único, para o qual ele possa levar o seu pessoal, são cada vez menores. E, quanto mais demorar, mais correrá o risco de chegar a uma legenda cujos acordos eleitorais já estarão sacramentados, como este dos deputados do PL em apoio a Rodrigo Garcia.

Até aqui, de partidos com o comando único, restam o PL e o Republicanos, de Marcos Pereira, no qual a filiação do pessoal bolsonarista defensor de armamento é mais difícil por causa dos evangélicos. Os outros funcionam mais de forma colegiada, inclusive o PP. Até aqui, a demora do presidente em escolher a sua legenda se mostra como outro fator que pode impedir um casamento perfeito.

Esquece isso

Ninguém teve coragem de dizer isso com todas as letras ao presidente Jair Bolsonaro, mas há um grupo da política certo de que, se o presidente quiser mesmo derrotar o ex-presidente Lula, o melhor caminho é não concorrer à reeleição. Obviamente, Bolsonaro acredita que tem a faca e o queijo na mão para uma boa performance eleitoral e não fala em desistir. Mas, já tem gente ensaiando para levar esse discurso ao presidente.

Flávia, a pacificadora

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto brigam, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, é vista como alguém que pode ajudar a retomar esse diálogo com mais serenidade. Resta saber se Bolsonaro e Valdemar vão abrir espaço para que ela exerça esse papel.

Ser ou não ser

Nesses debates e cadastramento para as prévias, os tucanos concluíram que precisam urgentemente buscar uma identidade. O PSDB, que foi oposição ferrenha ao governo Lula, hoje não é nem governo nem oposição, nem tampouco lidera o chamado centro, uma vez que outros personagens se apresentam nesse momento com mais condições. Neste “limbo”, dizem alguns, não dá para ficar.

Prioridades

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, quer concluir a votação da PEC dos Precatórios até o fim do mês e a aposta geral dos aliados é a de que, nesse quesito, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre, não criará problema. Enquanto isso, na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira, trabalha para garantir as emendas de relator, com o recurso no Supremo Tribunal Federal (STF).

CURTIDAS

Desoneração na pauta/ A presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Bia Kicis (foto), do PSL-DF, marcou para amanhã a votação do projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos, considerada a principal matéria para esta semana.

Presença de Rodrigo/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, desfilou em Lisboa como o candidato dos sonhos de muitos advogados presentes ao IX Fórum Jurídico de Lisboa, promovido pelo IDP, o antigo Instituto Brasiliense de Direito Público, que agora se chama Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa e continua capitaneado pelo ministro Gilmar Mendes. O senador tem reforçado dia e noite que é preciso pacificar o país, deixando de lado os extremos.

Escreve aí, Michel!/ Mal começou a circular a notícia em O Antagonista sobre a briga entre Bolsonaro e Valdemar, os deputados trocaram mensagens entre si com um pedido, “chama o Temer”. Tudo para ver se ele escrevia uma carta para Valdemar como fez depois do 7 de Setembro, quando ajudou a pacificar o país.

“O palavrão na língua portuguesa…/ … já está virando até delicadeza”, diz o dito popular.  E há quem diga que é tão comum na rotina do presidente Jair Bolsonaro, que nem Valdemar da Costa Neto levou tão a sério a discussão por WhatsApp.