Um tratamento que rejuvenesce as células poderá ser tornar o grande trunfo contra doenças relacionadas à idade, como o glaucoma. Cientistas da Harvard Medical School anunciaram, hoje, que conseguiram restaurar a visão em camundongos que foram manipulados para ter a doença. Mais comum na velhice, o glaucoma ocorre devido a uma lesão do nervo óptico e pode provocar a perda da visão.
A equipe estadunidense acredita que será possível repetir a façanha com humanos. “Esperamos tratar o glaucoma em pacientes humanos, em fase de teste, em dois anos”, disse David Sinclair, um dos autores do estudo, à agência France-Presse de notícias (AFP). A doença, de acordo com a OMS, é a segunda causa de cegueira no mundo. E a cada ano, são registrados 2,4 milhões de novos casos da complicação ocular.
O tratamento experimental tem como base propriedades de células da fase embrionária humana. Nessa etapa, essas estruturas podem se reparar e regenerar. Ao longo do tempo, porém, vão perdendo essa capacidade. Para recuperá-la, os cientistas apostaram em um processo usado para criar células-tronco pluripotentes induzidas — células adultas saudáveis que, por meio da injeção de um coquetel de proteínas, são induzidas a voltar à fase embrionária e recuperam a habilidade de regeneração.
David Sinclair e colegas usaram um coquetel chamado OSK, composto por três proteínas “restauradoras da juventude”. Em um primeiro momento, eles injetaram o OSK nos olhos de ratos com lesões no nervo óptico e observaram resultados promissores. O número de células ganglionares da retina duplicou e a restauração do nervo aumentou cinco vezes.
As células ganglionares são um tipo de neurônio encontrado no olho. Elas estendem as projeções, chamadas axônios, do olho para o cérebro. Os ratos submetidos ao tratamento também desenvolveram novos axônios, alguns dos quais se estendendo até a base do cérebro. O mesmo tratamento ainda reverteu a perda de neurônios e restaurou a visão em cobaias mais velhas e nas com glaucoma.
A reprogramação dos neurônios nos olhos das cobaias faz com a equipe aposte que o tratamento poderá ser usado contra outras doenças comuns no envelhecimento. “Estou animado com a possibilidade de rejuvenescer órgãos e tecidos que falham devido à idade ou a doenças, especialmente quando não há tratamentos eficazes, como no caso da demência”, disse David Sinclair.
Os resultados da pesquisa foram divulgados hoje, na Nature. Em um comentário publicado na mesma revista, Andrew Huberman, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, observa que, os dados sugerem que a técnica pode ser capaz de reprogramar neurônios cerebrais em outras espécies.
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