Pressão alta é ligada a danos cerebrais extensos na velhice

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Foto: AFP

Cada vez mais comum no Brasil, a hipertensão está ligada à ocorrência de danos cerebrais mais extensos em idosos. E essas lesões aumentam o risco de surgimento de problemas de saúde graves, como derrame, Alzheimer e depressão. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e divulgada hoje, no European Heart Journal. Segundo eles, o resultado reforça o entendimento sobre a forte influência dos hábitos saudáveis na velhice.

“Muitas pessoas podem pensar em hipertensão e derrame como doenças de pessoas mais velhas, mas nossos resultados sugerem que, se quisermos manter um cérebro saudável até os 60 e 70 anos, temos que nos certificar de que nossa pressão arterial estará dentro de uma faixa saudável quando estivermos na casa dos 40 e 50 anos”, enfatiza, em comunicado, Karolina Wartolowska, pesquisadora clínica do Centro de Prevenção de Derrame e Demência da universidade britânica e líder do estudo.

As lesões são chamadas hiperintensidades da substância branca e podem ser observadas em exames de ressonância magnética do cérebro. Elas indicam a ocorrência de danos nos pequenos vasos sanguíneos do órgão em função, principalmente, do envelhecimento e da hipertensão. Segundo Karolina Wartolowska, essas lesões estão presentes em mais da metade das pessoas com mais de 65 anos e na maioria das que chegaram aos 80, mesmo sem a ocorrência de problemas de pressão. “Mas é mais provável o desenvolvimento desse problema em pessoas com pressão arterial mais elevada, além de ser maior a probabilidade de isso se tornar grave”, explica.

Qualquer aumento na pressão interfere

A pesquisa foi feita com dados de 37.041 voluntários que estavam na meia-idade. A análise revelou ainda que não são só os hipertensos os mais vulneráveis. Qualquer aumento na pressão arterial foi associado a uma maior ocorrência de lesões cerebrais. “Isso sugere que mesmo uma pressão arterial ligeiramente elevada antes de atender aos critérios para o tratamento da hipertensão tem um efeito prejudicial no tecido cerebral”, afirma Karolina Wartolowska. Além disso, hipertensos que não seguiam à risca o tratamento apresentaram mais danos cerebrais.

A cientista lembra que a hipertensão é uma das doenças crônicas com maior incidência no mundo e tem impacto significativo na qualidade velhice. Por isso, a importância de ficar atento à doença o quanto antes. “O longo intervalo de tempo entre os efeitos da pressão arterial na meia-idade e os danos na velhice enfatiza o quão importante é controlar a pressão a longo prazo”, diz.

No Brasil, um em cada quatro adultos (25%) tem hipertensão, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde divulgados neste mês. A doença segue avançando. Na avaliação anterior, com informações de 2013, uma em cada cinco pessoas (20%) com mais de 18 anos era hipertensa.

Carmen Souza

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