O hábito de fazer exercícios físicos à noite pode ajudar no combate à hipertensão arterial. Uma pesquisa brasileira mostra que as atividades aeróbicas no fim do dia potencializam a chamada hipotensão pós-exercício. Trata-se de uma queda benéfica da pressão arterial causada pela prática de exercícios. Os cientistas avaliaram 29 voluntários que se exercitaram de manhã ou à noite. Eles descobriram que, conforme o horário, a diferença na queda da pressão arterial chega a quase 50%.
“Nossa teoria é que a noite é uma janela de oportunidade para alcançar reduções significativas da pressão arterial”, enfatiza, em nota, Leandro Campos de Brito, líder do estudo e pós-doutorando na Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (USP). O pesquisador enfatiza que o resultado não indica que as pessoas devem parar de tomar remédios e só fazer exercícios físicos. Na verdade, mostra que ter uma vida não sedentária é um forte aliado no combate à hipertensão.
Segundo Brito, o efeito pode ser estrategicamente mais vantajoso para hipertensos que, mesmo tomando medicação, não têm a pressão sob controle. “Indivíduos com hipertensão resistente (…) beneficiariam-se de um ajuste no horário do exercício, o que precisa ser confirmado por estudos futuros”, afirma.
Os participantes do estudo tomavam, havia pelo menos quatro meses, bloqueadores de receptores da angiotensina (BRAs) ou inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECAs) — dois tipos de medicamento prescritos contra a hipertensão. Os voluntários foram submetidos a dois testes de esforço máximo, usando bicicleta ergométrica. Um grupo exercitou-se entre 7h e 9h. O outro, entre 20h e 22h.
A pressão arterial dos participantes foi aferida antes e depois dos exercícios. Entre os medicados com BRAs, a queda média na pressão foi de 11 milímetros de mercúrio (mmHg) à noite e de 6mmHg pela manhã. No grupo dos iECAs, 6mmHg e 8mmHg, respectivamente. Ou seja, em todos os casos houve queda da pressão arterial, sendo que o efeito foi maior — de quase 50% — nos que se exercitaram à noite e tomavam BRAs.
Segundo o pesquisador brasileiro, além do efeito diferenciado do medicamento, há a influência do famoso relógio biológico. “Nosso organismo é guiado pelo ciclo circadiano, e a pressão arterial não foge à regra”, diz Brito. “Os mecanismos que baixam a pressão arterial são mais ativos à noite para nos preparar para o descanso, enquanto os que a aumentam a pressão são mais ativos pela manhã, ao acordarmos”, explica.
O efeito a longo prazo do hábito também é lembrado pelo cientista. Brito conta que estudos têm mostrado que a queda na pressão arterial provocada pelos exercícios físicos pode ser manter por um longo período. “Mais do que isso, alguns grupos de pesquisa entendem que cada sessão de exercício funciona como um tijolinho em uma parede, o que leva a um efeito benéfico crônico do treinamento”, completa.
Os resultados da investigação foram publicados, recentemente, na a revista Clinical and Experimental Hypertension. A pesquisa é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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