Sabia que o estado dos seus dentes e da sua gengiva hoje pode ser um sinal de como estará a sua memória daqui a 20 anos? A associação foi detectada por cientistas americanos ao acompanhar 8.275 pessoas com, em média, 63 anos. Segundo os autores, a doença gengival mais grave, aquela que leva à perda dentária, aumenta em cerca de duas vezes o risco de uma pessoa ter comprometimento cognitivo leve ou demência em até 20 anos.
Ryan T. Demmer, pesquisador da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, em Minneapolis, enfatiza que o estudo não mostra que problemas bucais causam demência. Na verdade, ele e a equipe detectaram uma relação entre os dois problemas, o que reforça resultados obtidos em outras pesquisas. No ano passado, por exemplo, um estudo da Universidade de Bergen, na Noruega, mostrou que bactérias causadoras da gengivite produzem uma proteína que destrói os neurônios, podendo levar à perda de memória.
Para Ryan T. Demmer, essa é uma área que merece ser mais investigada. “A boa higiene dental é uma maneira comprovada de manter dentes e gengivas saudáveis durante toda a vida. Mais estudos são necessários para demonstrar a ligação entre micróbios na boca e demência e também para entender se o tratamento da doença gengival pode prevenir a doença degenerativa”, diz o cientista.
Os 8.275 participantes do estudo americano não tinham diagnóstico de demência no início do acompanhamento e foram submetidos a um exame periodontal completo. A saúde bucal era variada: 22% não tinham doença gengival, 12% apresentavam doença gengival leve, 12% sofriam inflamação grave da gengiva, 11% tinham perda dentária grave e 20% não tinham dentes.
Duas décadas depois, os cientistas conseguiram avaliar 4.559 pessoas do grupo inicial, sendo que 19% (1.569) tinham desenvolvido demência. A qualidade da saúde bucal no começo da pesquisa se relacionou significativamente com a ocorrência da doença degenerativa. A demência foi diagnosticada em 14% dos participantes que tinham gengivas saudáveis e todos os dentes 20 anos antes. No caso daqueles com doença gengival grave, o índice foi de 22%. Nos que não tinham dentes, 23%.
Ao considerar tanto o comprometimento cognitivo leve quanto a demência, os autores concluíram que o grupo sem dentes apresentou risco cerca de duas vezes maior de desenvolver demência, quando comparado ao formado por pessoas com gengivas saudáveis e todos os dentes. Aquelas com doença gengival intermediária ou grave, mas que tinham dentes, tiveram um risco 20% maior.
Já entre os idosos que começaram o estudo com poucos comprometimentos dentários, a evolução foi positiva. “A boa notícia é que as pessoas com perda dentária mínima e doença gengival leve não eram mais propensas a desenvolver problemas de pensamento ou demência do que as pessoas sem problemas dentários”, diz Ryan T. Demmer. O estudo foi divulgado na edição de hoje da revista Neurology.
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