Ovários policísticos aumentam o risco de doenças cardíacas na velhice

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Fernando Lopes/CB/D.A Press.

Comum entre as mulheres mais jovens, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) está ligada a complicações que podem comprometer a saúde do coração na velhice. Segundo um estudo britânico conduzido com 60.574 mulheres, aquelas com SOP têm risco 19% maior de desenvolver doenças cardíacas que as acompanharão pelo resto da vida.

O problema parece ser mais expressivo entre mulheres que enfrentam a complicação quando têm entre 30 e 40 anos. “Isso pode ocorrer porque elas têm maior probabilidade de estar acima do peso e ter pressão alta e diabetes, em comparação com suas colegas”, explica Clare Oliver-Williams, pesquisadora da Universidade de Cambridge.

À medida que as mulheres envelhecem, a vulnerabilidade vai se equiparando. “Com o tempo, as mulheres sem SOP aumentam em sobrepeso e desenvolvem pressão alta e diabetes. Em um sentido negativo, elas alcançam as que têm a síndrome”, diz a autora da pesquisa, publicada, nesta semana, no European Journal of Preventive Cardiology.

Hipertensão e obesidade são considerados fatores de risco para doenças como insuficiência cardíaca e ataque cardíaco. Vale lembrar que essas enfermidades podem ter impacto direto na longevidade. Estima-se, por exemplo que, após a descoberta da insuficiência cardíaca, cerca de 70% dos pacientes morram em até 10 anos. A doença acomete cerca de 5% das pessoas que têm entre 65 e 75 anos, e de 10% a 20% das que passaram dos 80.

Mudança de hábitos faz diferença

A síndrome dos ovários policísticos, por sua vez, é descoberta bem mais cedo: geralmente, entre 20 e 30 anos. De 6% a 20% das mulheres em idade reprodutiva sofrem com o problema — na pesquisa, 10,2% tinham SOP.  Ao longo do estudo, que durou nove anos,  2.925 (4,8%) mulheres desenvolveram doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca. Boa parte delas tinha sobrepeso ou obesidade, diabetes e pressão alta, todos desencadeadores de doenças cardíacas e derrames.

Ter ovários policísticos e esses fatores de risco, porém, não precisa ser uma “sentença de prisão perpétua”, diz a cientista. “Alguns sintomas da SOP estão presentes apenas durante os anos reprodutivos. Portanto, é possível que a chance aumentada de doença cardíaca desapareça mais tarde na vida”, justifica Clare Oliver-Williams.

Além disso, lembra a pesquisadora, há muitas maneiras de manter o coração saudável. “Pequenas mudanças se somam, como comer mais frutas e vegetais e fazer mais exercícios”, indica. Ser bem orientada durante o diagnóstico da síndrome também ajuda. “Conhecimento é poder, e estar ciente dos riscos cardíacos significa que mulheres com SOP podem fazer algo a respeito”, enfatiza a cientista.

Os resultados foram obtidos após acompanhamento de mulheres submetidas a tratamento para a infertilidade, uma condição muito comum em quem tem ovários policísticos. Segundo a autora, a vulnerabilidade pode não ser a mesma em mulheres com outros perfis.

Carmen Souza

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