A regra vale para todos os dias: idosos precisam ficar atentos à ingestão regular de líquidos para compensar as mudanças naturais do envelhecimento. No verão, porém, deixar o copo de água para depois pode ser ainda mais perigoso. Médicos avisam que a estação mais quente do ano também é a mais propícia para o surgimento de casos de desidratação. Quando grave, o baixo nível de líquido no corpo pode levar à internação e até a problemas cognitivos.
Em média, o corpo de um idoso é composto por 40% de água, 20% a menos de quando se é adulto. Além disso, mudanças no sistema nervoso central fazem com que a sensação de sede vá diminuindo ao longo dos anos. Em temporada de termômetros nas alturas, essas duas complicações precisam ter os efeitos amenizados.
“O ideal é que o idoso beba de um a dois litros por dia. Pode ser água, suco, chá, água de coco, gelatina, frutas como melão e melancia, que deixam essa obrigação mais palatável. O importante é se manter hidratado”, ensina Randara Rios Iwace, médica geriatra do Hospital Brasília e da clínica IMOV (Instituto de Medicina do Movimento).
Aos pacientes, a médica sugere ter uma garrafa identificada com o nome e ir bebendo a água ao longo do dia. “Assim, é mais fácil quantificar o que foi ingerido e não esquecer da obrigação”, ensina. Outra dica é ficar de olho nos sinais de desidratação: sede exagerada, confusão mental, irritabilidade e sonolência. “Identificando esses problemas, o ideal é procurar ajuda especializada. A solução pode ser apenas a hidratação oral, mas há casos em que as medidas precisam ser maiores”, afirma Randara Rios Iwace.
Também merece ser monitorada a relação entre a hidratação e a ingestão de remédios de uso contínuo. Segundo Renato Bandeira de Mello, diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), existem medicamentos que podem aumentar o risco de desidratação. Os diuréticos, indicados para controlar a pressão arterial, são um exemplo. “Há idosos que, nesta época do ano, começam a sentir tontura, mal-estar, e as doses de alguns medicamentos precisam ser revistas”, conta.
O médico geriatra lembra ainda que a ingestão de bebidas alcoólicas, também muito comum no verão, deve ser moderada. Isso porque os exageros levam à desidratação. “O álcool aumenta a diurese (produção de urina pelos rins), além de potencializar outros problemas, como a desorientação e o risco de quedas”, alerta.
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