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No início de uma relação ou mesmo em vínculos já consolidados, o sexo pode revelar sinais de alerta importantes sobre o equilíbrio entre os parceiros. Esses comportamentos, conhecidos como “red flags” — ou “bandeira vermelha” de um comportamento problemático —, vão além do ato em si e podem indicar falta de respeito, comunicação ou cuidado mútuo.
Algumas situações podem parecer insignificantes no momento, mas revelam sinais que não devem ser ignorados. A insistência após um “não” ou práticas sem consentimento sinalizam desrespeito aos limites pessoais. A intimidade usada como forma de manipulação, como negar carinho ou sexo para controlar o parceiro ou até ridicularizar o corpo e a performance do outro, também é uma red flag. Esses comportamentos, apesar de muitas vezes mascarados como “brincadeira” ou “normalidade”, podem comprometer profundamente a confiança e o bem-estar dentro da relação.
“O principal sinal de alerta é a falta de respeito e consentimento”, resume a psicóloga e sexóloga Alessandra Araújo. “O sexo deve ser uma via de mão dupla, baseada na troca mútua de prazer e na comunicação aberta. Sinais como pressão para fazer algo que você não quer, ignorar seus limites ou focar apenas no prazer de uma das partes são bandeiras vermelhas imediatas.”
A insistência em práticas já recusadas é, segundo a especialista, uma violação. “Não existe ‘talvez’ ou ‘depois você vai gostar’ quando um ‘não’ é dito. A resposta a um ‘não’ deve ser sempre ‘tudo bem’. Qualquer coisa diferente disso indica um problema sério de poder e respeito na relação”, explica.
Alessandra alerta que, para diferenciar preferências sexuais saudáveis de comportamentos que colocam em risco a integridade do outro, deve-se, antes de tudo, observar consentimento, comunicação e bem-estar. “Preferências sexuais saudáveis são exploradas em um ambiente de confiança mútua, onde ambos os parceiros se sentem seguros e excitados”, ressalta.
Conforme a sexóloga, a linha é cruzada quando um comportamento envolve coerção ou pressão; ignora a segurança física ou emocional de um dos parceiros; é imposto por uma das partes para satisfazer seu próprio prazer, sem considerar os sentimentos do outro; e está associado a um sentimento de medo, dor ou humilhação, em vez de prazer mútuo.
A ausência de comunicação sobre desejos e limites também pode ser considerada uma red flag. “O sexo não é apenas um ato físico; é uma forma de comunicação não-verbal. A ausência de diálogo sobre o que se gosta, o que não se gosta e quais são os limites é um sinal de que a intimidade emocional está comprometida. A falta de comunicação no quarto muitas vezes reflete a falta de comunicação em outras áreas da vida”, disserta Alessandra.
Durante a intimidade, certos comportamentos podem indicar manipulação emocional e abuso. São eles: coerção (usar a culpa, a chantagem ou a pressão emocional para conseguir sexo), gaslighting (invalidar os sentimentos do parceiro), controle (usar o sexo como recompensa ou punição) e desrespeito por sinais “não-verbais” (ignorar a falta de entusiasmo, o silêncio ou qualquer gesto de que a pessoa não está confortável ou não deseja continuar o ato).
A disparidade de desejo sexual, por sua vez, é uma diferença natural que acontece entre muitos parceiros. Alessandra defende que a maneira de se lidar com isso é o mais importante. Tal situação representa um problema quando uma das partes exige sexo constantemente, sem considerar a vontade do outro, por exemplo.
E assistir pornô, pode? A especialista exemplifica situações como preferir a pornografia ao contato físico, gerar frustração por cobranças de desempenho ou se tornar compulsivo, afetando a relação e outras áreas da vida.
Ao identificar algum desses sinais, Alessandra recomenda, antes de tudo, validar a própria percepção. “Se algo não parece certo, provavelmente não está”, reflete. O segundo passo é buscar o diálogo. “Em casos onde há desrespeito, coerção ou qualquer forma de abuso, a prioridade máxima é a sua segurança física e emocional. Não hesite em buscar apoio para se proteger. Um relacionamento saudável deve ser uma fonte de prazer, não de dor”, finaliza.
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