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Acordar e perceber que gozou dormindo é mais comum do que parece, e não acontece só com você. Uma enquete com mais de 5 mil usuários do Sexlog revelou que 74% dos participantes já chegaram ao orgasmo durante o sono. Ou seja, três em cada quatro pessoas já viveram essa experiência ao menos uma vez na vida.
Com um fenômeno tão frequente entre brasileiros, a dúvida central é: o que faz alguém sentir prazer e atingir o clímax mesmo inconsciente? Há quem atribua o episódio ao estresse do dia a dia, com o corpo buscando liberar tensão durante o sono. Outros acreditam ser resultado de tesão acumulado, alimentado por desejos guardados e ainda não realizados.
Segundo a sexóloga Tamara Zanotelli, tudo começa no cérebro, especialmente durante o sono REM, fase de sonhos intensos. Nesse estágio, áreas associadas ao prazer, como a amígdala e o hipotálamo, ficam altamente ativadas. “Quando essa ativação se combina com as respostas automáticas do corpo, o ambiente perfeito para um orgasmo espontâneo se forma, mesmo sem nenhum toque”, explica.
Durante o REM, aumenta a atividade parassimpática, que promove vasodilatação genital. Isso resulta em ereções espontâneas nos homens e maior fluxo sanguíneo e sensibilidade no clitóris nas mulheres. Somada à liberação de neurotransmissores do prazer, essa preparação pode levar ao orgasmo sem qualquer estímulo físico. Tamara acrescenta que reflexos da medula também podem desencadear o clímax de forma totalmente involuntária.
A especialista afirma ainda que o orgasmo noturno pode ser tão intenso quanto — ou até mais — que o orgasmo acordado. Isso porque o corpo está profundamente relaxado, e a mente parcialmente desligada do autocontrole e da autocrítica. Como a consciência nem sempre registra tudo, a experiência pode parecer vaga, mas fisiologicamente trata-se de um orgasmo completo.
Quando o foco são os próprios sonhos sexuais, Tamara aponta diversos fatores: hormônios, nível de desejo, estresse, qualidade do sono, rotina e até o consumo de conteúdos eróticos — vídeos, contos, literatura adulta. “Pessoas mais imaginativas, mais conectadas com a própria sexualidade ou mais acostumadas a fantasiar tendem a ter sonhos sexuais com maior frequência. Medicamentos e condições como narcolepsia também podem intensificar sonhos vívidos, inclusive os eróticos”, afirma.
A ideia de que sonhos sexuais revelam desejos reprimidos divide especialistas. “A visão freudiana defende que os sonhos são uma porta para o inconsciente, cheios de simbolismos e fantasias que expressam desejos ocultos. Já a neurociência contemporânea sustenta que muitos sonhos são apenas descargas elétricas aleatórias, sem significado profundo”, diz Tamara. Para ela, a verdade está no meio: algumas cenas oníricas podem refletir desejos reais, enquanto outras são produtos da imaginação, sem ligação direta com a vida prática.
Entre os usuários do Sexlog, os relatos confirmam essa mistura. Muitos descrevem o orgasmo dormindo como algo cinematográfico e inesperado; outros afirmam que a intensidade supera a da vida desperta. Há quem viva isso desde adolescente e quem só tenha começado a sentir depois dos 30 ou 40 anos — prova de que não existe padrão.
No fim, o orgasmo noturno é uma expressão natural e saudável da sexualidade humana. Não é sinal de desequilíbrio hormonal, falta de sexo, excesso de fantasia ou qualquer significado oculto. É apenas o corpo funcionando em sua potência máxima, mesmo enquanto a mente descansa.
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