“‘Devo estar ficando louca.’ Esse foi meu primeiro pensamento quando me pus a caminho da primeira sessão de massagem tântrica. Nunca havia passado pela minha cabeça fazer uma terapia que envolvesse meu corpo e minha vida sexual, mas resolvi experimentar, por acreditar que é preciso aproveitar as experiências que a vida proporciona.
Cheguei a uma casa rústica, de dois andares, com vista para o Lago Norte e um clima tão calmo que me senti fora de Brasília. Após subir alguns degraus, entrei em uma sala com grandes janelas de vidro e sofás cor de canela. O cheiro de incenso e as frases motivacionais coladas nas paredes faziam o lugar parecer místico e relaxante.
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Antes de começar a sessão, a terapeuta me pediu para esperar na sala enquanto preparava o quarto para a massagem. Eu me encolhi em um dos sofás e comecei a tremer de ansiedade. ‘Vou fazer isso mesmo?’, pensei. Já estava ali, não ia voltar atrás. A iminência de ficar nua na frente de uma terapeuta que tinha conhecido havia poucos minutos deixou minha mente agitada.
Perguntei se seria algum tipo de masturbação e ela me explicou que era apenas uma terapia. ‘Não vou te masturbar, vou apenas ser uma facilitadora do prazer que seu próprio corpo tem a oferecer’, frisou.
Entrei no quarto logo após ser chamada por Saraha, que me convidou para sentar em uma das duas cadeiras que havia no aposento. ‘Vamos conversar um pouco’, disse, calmamente. Foi um papo rápido, sobre minhas experiências sexuais, dúvidas sobre a massagem e meus limites. Perguntei se seria algum tipo de masturbação e ela me explicou que era apenas uma terapia. ‘Não vou te masturbar, vou apenas ser uma facilitadora do prazer que seu próprio corpo tem a oferecer’, frisou.
Após a conversa, Saraha me pediu para tomar um banho e me entregou duas toalhas limpas. Entrei no banheiro pequeno e comecei a tirar minha roupa, lembrando novamente que estaria sem elas na hora da massagem. Tomei um banho rápido e quente, esperando que ele me acalmasse e relaxasse. Não funcionou. Saí do banheiro com um embrulho no estômago e o coração na mão.
Abri a porta e dei de cara com o quarto totalmente modificado. A luz estava apagada, e a luminosidade era baixa. Uma música suave tocava no notebook, e o aquecedor estava ligado para o quarto não ficar frio. Ela me pediu para deitar no tatame que ocupava boa parte do recinto e respirar fundo. ‘Se concentre no seu corpo, e não nas minhas mãos’, disse, antes pedir para que eu fechasse os olhos e relaxasse.
Os movimentos eram fortes e estratégicos, indo e vindo nas zonas mais erógenas do meu corpo, de acordo com a minha resposta aos toques.
Começou mais rápido do que eu esperava. Comecei a sentir suas mãos tocarem suavemente todo o meu corpo. A sensação era a de uma pena passando pela pele várias e várias vezes, provocando arrepios e tremores inexplicáveis. O meu medo foi embora e deu lugar a uma sensação de transe, como se eu não estivesse mais em uma sala de massagem tântrica, mas em um lugar só meu. Como eu disse, é inexplicável.
Senti, então, um líquido frio ser derramado sobre minha barriga e uma mão enluvada começar o que, para mim, pareceu uma massagem real. Os movimentos eram fortes e estratégicos, indo e vindo nas zonas mais erógenas do meu corpo, de acordo com a minha resposta aos toques. Os tremores agora eram constantes e mais intensos.
O cheiro de óleo vegetal dominou o ambiente. Saraha pegou um objeto vibratório pequeno para estimular meu clitóris. Por não saber exatamente o que era, eu me assustei quando ele entrou em contato com a minha pele. ‘Relaxa e deixa o seu corpo te mostrar o que ele pode fazer’, disse a terapeuta ao reparar meu receio.
De forma intensa e contínua, por pelo menos 20 minutos, experimentei sensações fortes de prazer, agonia, dor e excitação extrema. A música, que antes era calma, agora era mais rápida, assim como os movimentos feitos pela terapeuta. Nunca tinha sentido nada parecido em toda a minha vida e me pergunto se sentirei novamente fora do tantra.
Após cerca de uma hora, ela me deixou deitada de barriga para cima, sentindo todas as sensações do meu corpo. Espasmos de prazer corriam pela minha pele. ‘Você vai sentir os efeitos por uns dois dias’, avisou Saraha. Dez minutos depois, eu me acalmei e fui tomar mais um banho para tirar o óleo do corpo. Até o toque da água quente me provocava arrepios.
Vesti minha roupa e perguntei se tinha reagido bem à sessão. ‘Nós, mulheres, precisamos libertar nosso corpo, nos conhecer, e você começou esse processo hoje. Fico feliz de facilitar seu autoconhecimento sexual’, foi a resposta que recebi.
Passei o dia pensando no tal ‘autoconhecimento’ que ela me disse, sobre saber do que seu corpo é capaz, e cheguei à conclusão de que todo mundo, um dia, poderia fazer uma massagem tântrica, para se despir dos preconceitos e aprender um pouco mais sobre si mesmo.”
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