A personagem Ivana, da novela A força do querer, tem ajudado o público brasileiro a entender melhor a transexualidade. Ao abordar o tema, a autora Glória Perez se une a um grupo crescente de roteiristas e diretores que voltam seus olhos para as pessoas transexuais e ajudam a reduzir o estigma e preconceito que ainda, infelizmente, são dirigidos a elas.
Estigma, por sinal, que o cinema e a televisão já alimentaram. Durante anos, transexuais e toda a comunidade LGBT foram retratados de forma preconceituosa nas telas. Ou eram apresentados de forma superficial e caricata, para fazer rir, ou de forma ameaçadora, como o serial killer de O silêncio dos inocentes, que assassinava mulheres para lhes retirar a pele e costurar para si uma “cobertura” feminina.
Nos últimos anos, no entanto, diversas produções abandonaram essa abordagem e olharam para o universo trans com a sensibilidade e o respeito merecidos. A seguir, listamos sete dessas obras, que merecem ser vistas e revistas e podem ajudar você a entender melhor a transexualidade.
O filme é baseado no livro de mesmo nome de David Ebershoff, que resgatou a história da primeira mulher trans a passar por uma cirurgia de redesignação genital na Europa, nos anos 1920. Dirigido por Tom Hooper, o filme rendeu o Oscar de atriz coadjuvante a Alicia Vikander, que interpreta Gerda, mulher de Lili, a garota dinamarquesa do título. O grande mérito do filme, além de ser bem realizado, é sua preocupação em ser didático. Por isso, serve como ótima introdução ao tema.
Uma das primeiras produções de Hollywood a abordar o tema, Meninos não choram deixou muita gente confusa no cinema, pois, no fim dos anos 1990, o tema da transexualidade era pouco conhecido, especialmente a questão dos homens trans. Dirigida por Kimberly Peirce, conta a história de Brandon, interpretado por Hillary Swank, que acabou ganhando o Oscar de melhor atriz. Até hoje, o filme se mantém atual, abordando com competência a complexidade da identidade de gênero, os estereótipos dos papéis masculinos e femininos e, principalmente, a violência a que as pessoas trans estão sujeitas.
O filme de Duncan Tucker mostra uma viagem de carro que Bree, uma mulher trans muito bem interpretada por Felicity Huffman, faz com o filho, Toby. Também funciona muito bem como introdução ao tema, ajudando a entender o processo de transição do gênero masculino para o feminino. Felicity mereceu uma indicação ao Oscar por esse papel.
Escrito, dirigido e editado pelo jovem canadense Xavier Dolan, este filme tem um lugar especial no coração do Blog Daquilo. Repleto de cenas de rara sensibilidade, mostra a história do professor Laurence e sua namorada, Fred. Quando Laurence revela que, na verdade, sempre se sentiu mulher, o relacionamento dos dois entra em uma crise, na qual amor e mágoa se misturam. Belíssimo, verdadeiro e poético.
Quando se muda para um novo bairro, Laurie, 10 anos, aproveita que não conhece ninguém e se apresenta para as outras crianças como um menino. Dirigido por Céline Sciamma, o filme ajuda a mostrar como os comportamentos de meninos e meninas podem ser socialmente aprendidos. Preste atenção na cena em que Laurie vai jogar futebol com os garotos e busca imitar os trejeitos deles, inclusive cuspindo no chão.
A premiada série produzida pela Amazon (disponível na plataforma Amazon Prime) conta o processo de transição de Maura e sua relação com os três filhos e a ex-mulher. Por vezes comovente, por vezes ácido, o programa aborda bem a marginalização das pessoas trans e tem o grande mérito de não ignorar que a transexualidade é uma condição que pode afetar profundamente as relações familiares.
A história da aspirante a fotógrafa e entregadora de pizza Elvis (Simone Spoladore) e da travesti (saiba aqui a diferença entre transexual e travesti) Madona (Ígor Cotrim) ajuda a combater preconceitos e estereótipos com pitadas de humor. Dirigido por Marcelo Laffitte, o filme faz rir, mas não deixa de provocar reflexões.
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