Pode ter sido bom, ruim. Amigável, tenso. Relacionamento curto, longo, intenso, leve. Chegou ao fim. E agora? Uma das principais dúvidas de quem termina um namoro ou casamento é sempre como interagir com o ex-parceiro, e nossa era de imersão completa nas redes sociais só aumenta o dilema.
Há quem defenda com veemência que tem que apagar mesmo, cortar os laços. É isso, segue em frente. O Facebook, em 2015, até começou a testar ferramentas para tornar essa experiência virtual do término um pouco mais fácil. Por outro lado, muita gente defende a convivência pacífica, afinal, o relacionamento fez parte da sua história, provavelmente foi importante e, apesar do fim, não precisamos de rancores, não é mesmo?
Ex bom é ex longe?
Já aconteceu comigo em situações diferentes. Na primeira vez, não apaguei, mas bloqueei mensagens, atualizações, fotos, vídeos, tudo. Não queria ter notícia dele e de seu relacionamento novo, que começou logo depois do fim do nosso.
Excluir e bloquear não foi uma decisão imediata. Resisti por um tempo, querendo ser “madura” e tentando fugir do rótulo de “ex raivosa”. Mas incomodava demais toda vez que via uma publicação nova, como a vez em que ele marcou a nova garota em um vídeo que era “nosso”.
Percebi então que precisava, ao menos, que o espaço virtual fosse seguro pra mim, já que o término ainda machucava. Quando estamos em situações vulneráveis emocionalmente, ter um contato assim tão direto com o que nos fere acaba sendo um gatilho forte.
Outra vez, aguentei meses, mais de um ano, até entender que os contatos virtuais, esporádicos e superficiais que tinha com a pessoa me prendiam a algo que não existia mais. As interações nas mídias sociais eram fantasmas sutis de um relacionamento que acabou e, principalmente, lembretes de que aquela pessoa não fazia mais parte da minha vida.
Foto de balada, de viagem, encontro com os amigos – tudo fantástico, minha vida está melhor sem você. Admite, quem nunca fez um overposting de alegria pós-término?
Antes de começar o texto, conversei com colegas de trabalho sobre o assunto. Cada um tinha uma visão e uma experiência particular. Perguntei nas redes sociais: 72% dos meus amigos disseram que já apagaram, sim, pelo menos uma vez. Outras 14 pessoas (28%) disseram que nunca.
Os motivos são diversos, mas seja qual for a razão, é válida. Dar-se o direito de ter espaço para construir uma vida nova, sem o parceiro, não é absurdo, é até justo. Qual seria a alternativa para não encontrar o ex em todos os cantos virtuais? Apagar os próprios perfis? É verdade que somos viciados demais no celular e que, sim, às vezes é bom desconectar mesmo. Mas deixar de usar o Facebook por medo de ver fotos do ex é se privar de algo da sua vida por causa de alguém que, teoricamente, não faz mais parte dela.
Pior ainda: depois do término, temos a mania de querer mostrar que está tudo bem (mesmo quando não está). Foto de balada, de viagem, encontro com os amigos – tudo fantástico, minha vida está melhor sem você. Admite, quem nunca fez um overposting de alegria pós-término? É muito perigoso nos deixarmos controlar pelo que outra pessoa vai ou não achar das nossas vidas.
É certo ou errado deletar um ex das mídias sociais? Impossível achar consenso. Independentemente disso, quase todo mundo já fez, muita gente vai continuar fazendo. Cada término de relacionamento é particular. Cada dor (ou não) é única. Por isso mesmo, cada reação após o fim de um namoro, rolo ou casamento vai ser uma. Se você precisa de espaço, não tem problema, permita-se afastar do que não te faz bem.