Gosta de Coca? Então, não se case com alguém que só toma Pepsi

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Numa era em que felicidade é cada vez mais confundida com capacidade de consumir, gostar das mesmas marcas parece ter se tornado fundamental para um casamento feliz. Pelo menos é o que mostra um curioso estudo feito por cientistas da Universidade de Duke, uma das mais conceituadas dos Estados Unidos.

Basicamente, o que os autores concluíram foi: ficar muitos anos com alguém que gosta de Pepsi, enquanto sua preferência é por Coca, pode ir aos poucos corroendo seu gosto de viver, tornando você uma pessoa menos feliz. Especialmente se você é o lado “menos poderoso” (low-power) da relação, expressão que os pesquisadores usam para descrever a pessoa que não se sente capaz de influenciar o comportamento do parceiro.

O teste para descobrir se você é o lado menos poderoso é simples. Basta olhar o que entra no carrinho de supermercado. Você ama Negresco, mas o que vocês levam para casa é quase sempre Passatempo? Curte Becel, mas na geladeira só tem Doriana? Queria um Ford, mas é um Fiat que repousa na garagem? É, você é o lado menos poderoso da história. E, depois de anos assim, quase sem perceber, você se sentirá cada vez menos satisfeito.

Parece bobagem

Parece bobagem. E os pesquisadores sabem que parece mesmo. E, justamente por isso, a coisa seria tão ameaçadora. “Se você tem uma religião diferente da do seu parceiro, é capaz de essa relação terminar logo. Mas, se você gosta de Coca e seu parceiro de Pepsi, com o passar dos dias, isso pode gerar um pequeno conflito. E, se você é o lado menos poderoso da relação, que continuamente perde na escolha das marcas e fica preso à preferência do outro, você vai se tornar cada vez menos feliz”, explica, em um comunicado, a principal autora do estudo, Danielle Brick.

No artigo, publicado este mês no Journal of Consumer Research, os autores descrevem uma série de experimentos e entrevistas que fizeram com diversos casais, sendo que alguns foram acompanhados por dois anos. E garantem: as pessoas menos poderosas que tiveram de se acostumar com as marcas preferidas do companheiro registraram índices mais baixos de satisfação com a vida.

“É um efeito muito claro. Nós o identificamos várias e várias vezes”, assegura Gavan Fitzsimons, professor de marketing e psicologia na Universidade de Duke, que emenda com um conselho: “As pessoas que estão procurando por um amor, talvez devessem pensar em incluir suas marcas preferidas em seus perfis de sites de relacionamento”. Será que é pra tanto?

Humberto Rezende

Jornalista desde 1997.

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