Atire a primeira pedra quem nunca acordou molhadinho(a) após o popularmente conhecido “sonho molhado”. Os episódios — que tem o nome de polução noturna — representam a eliminação involuntária de esperma durante o sono dos homens — ou da lubrificação vaginal nas mulheres. Esta situação pode, ou não ser acompanhada por um sonho de cunho erótico.
O Correio conversou com o urologista Eduardo Pimentel, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no Distrito Federal, para entender o que pode desencadear a ejaculação noturna e se ela pode ser considerada um problema.
O médico explica que o sono normal apresenta diferentes fases de padrão cerebral, uma delas é o estágio R.E.M (sigla em inglês para Rapid Eye Moviment ou “movimentos repetidos dos olhos”). É um momento do sono onde os olhos se mechem, as pessoas falam, se movimentam e ocorre ereções noturnas. É nesta fase que a polução noturna pode acontecer.
E se engana quem pensa que a polução noturna é uma condição que ocorre apenas nos homens. O profissional conta que, apesar de ser um fenômeno associado aos homens, pelo fato de ser definida como uma ejaculação involuntária durante o sono, a polução noturna feminina é considerada possível e é caracterizada pela lubrificação vaginal (exatamente como ocorre em uma relação sexual).
Segundo o Dr. Eduardo Pimentel, a polução noturna é mais comum na adolescência, mas também pode acontecer com adultos. “Na adolescência o corpo masculino passa a produzir esperma, algo que não acontecia até então. Teoricamente, esta produção vai estimular os mecanismos fisiológicos de ejaculação desencadeando as poluções noturnas nesta fase da vida”, afirma o especialista.
Ele acrescenta que uma frequência ejaculatória regular (masturbações ou relações sexuais) faz com que as poluções noturnas passem a ocorrer com menor frequência na via adulta.
Mas será que a polução noturna frequente pode ser considerado um problema? O médico esclarece que os episódios são considerados um fenômeno fisiológico normal, da mesma forma que acontece com o “xixi na cama” na infância. Tanto um como o outro tem momento de passar e se tornar um fenômeno raro ao longo da vida.
“Pelo fato de a polução noturna acontecer na adolescência, que é um momento de alta complexidade psicológica, pode gerar situações angustiantes e trazer consigo outros problemas. A vergonha e a recriminação são, normalmente, os causadores dos problemas emocionais que podem ocorrer. Daí a importância dos pais e responsáveis entenderem que se trata de um fenômeno fisiológico e tratá-lo com naturalidade”, pontua o profissional.
O especialista afirma que muito raramente a polução noturna se torna tão frequente a ponto de ser considerada “um problema”. Seria o caso, por exemplo, de um homem (adolescente ou adulto) que apresente poluções noturnas quase que todas as noites por um longo período, trazendo sofrimento emocional a si próprio e aos familiares, a ponto de gerar inseguranças e traumas.
“Em situações como estas, que são raríssimas, uma avaliação multidisciplinar (urologista, psicólogo, neurologista) seria o melhor caminho a seguir. Nunca a recriminação!”, ressalta o médico.
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