Censo e senso jogam no time dos homófonos. Têm a mesma pronúncia, mas grafia e sentido diferentes. É o caso de sela (arreio de cavalo) e cela (quartinho), seção (divisão), sessão (reunião) e cessão (nome derivado de ceder), acento (icto da voz) e assento (banco), cheque (ordem de pagamento) e xeque (lance de xadrez), conserto (remendo) e concerto (harmonia), coser (costurar) e cozer (cozinhar), caçar (perseguir) e cassar (privar de direitos), cesta (caixa de vime) e sexta (número ordinal), vez (ocasião) e vês (verbo ver).
Senso quer dizer juízo, entendimento, faculdade de apreciar. A latina formou baita família. Entre os membros mais ilustres, sobressaem contrassenso, sensatez, sensibilidade, insensível, sensação, sensacional, sensato. Etc. Etc. Etc. Censor x sensor
Não vale confundir. Censor é a pessoa que trabalha no censo. Ou promove censura. Na época da ditadura, compositores se empenhavam para enganar os censores. Era o jeito de dar recados considerados subversivos. Chico Buarque teria recorrido à homofonia para enganar os bobos na casaca do ovo. “Afasta de mim este cálice”, escreveu ele. “Afasta de mim este cale-se”, pensanvam os ouvintes.
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