“Hillary está a fim de de abandonar a campanha na terça-feira”, disse o Jornal das Dez, da GoboNews. A declaração deixou os telespectadores ouriçados. A agitação não se deveu a razões políticas. Mas lingüísticas. Afim ou a fim? Eis a questão.
As duas formas existem. Como os macacos, cada uma fica no seu galho:
Afim não se escreve coladinha por acaso. É que os iguais se atraem. A casadinha significa que tem afinidade, semelhança: Marina Silva e Carlos Minc têm idéias afins. História e literaura são matérias afins. O espanhol é língua afim ao português. Cunhado é parente afim. Sogro também.
A fim, desse jeito, um pedaço lá e outro cá, faz parte a locução a fim de. Quer dizer para: Lula convidou Carlos Minc a fim de (para) substituir Marina Silva. Vou tirar férias a fim de (para) estudar para as provas. Hillary desembolsou alguns milhões de dólares a fim de (para) se manter na corrida pela Casa Branca.
Na linguagem da brotolândia, a fim ganha sentido coloquial, sem cerimônia. Vira com vontade de:
–Vamos ao cinema?
— Não.
— Por quê?
— Não estou a fim.
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