A cena é familiar. Alguém vai andando galhardamente. Cabeça erguida, ombros eretos, barriga chupada, bumbum encaixado. De repente, não mais que de repente, tropeça. Levanta-se rápido. Desconfiado, olha pra lá e pra cá. Continua a marcha como se nada tivesse acontecido. Mas o estrago está feito. A frase também tropeça. Basta pôr certa vírgula em certo lugar. Mais precisamente: basta provocar o adjunto adverbial que está quietinho, lá no fim da oração.
Ordem direta
Na ordem direta, o adjunto adverbial (o termo que indica circunstância – causa, tempo, modo, lugar, comparação, conformidade) vem no fim da frase. Aí, não aceita vírgula.
• Infecção (sujeito) matou (verbo) 24 bebês (objeto) no hospital (adjunto adverbial de lugar).
• O homem (sujeito) está perdendo (verbo) a guerra contra a máquina (objeto) por enquanto (adjunto adverbial de tempo).
Ordem indireta
Nem todo adjunto adverbial é comportado. Irrequieto, o traquinas vive mudando de lugar. Ora vai para o começo da oração, ora para o meio. Aí, sim, vírgula nele. A vírgula indica o deslocamento do arteiro:
• No hospital, infecção matou 24 bebês.
• Infecção hospitalar, no hospital, matou 24 bebês.
• Por enquanto, o homem está perdendo a guerra contra a máquina.
• O homem, por enquanto, está perdendo a guerra contra a máquina.
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