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Prevenir é verbo irregular. Na flexão, foge do paradigma dos companheiros da primeira conjugação. A mudança é substantiva. Reside no radical — na parte que mantém o significado da palavra. O segundo e do infinito vira i no presente tanto do indicativo quanto do subjuntivo: prevenir, previno, previna.
Os psicólogos dizem que não existe acaso. O desvio na ação que antecipa acontecimentos e, por isso, leva a medidas capazes de evitar efeitos indesejáveis tem tudo a ver com o comportamento dos administradores brasileiros. Eles desconhecem os recursos que a ciência põe à disposição para evitar sofrimentos, atenuar tragédias e salvar vidas.
Santa Catarina serve de exemplo. O estado é freguês de maus humores da natureza. A chuva despenca pesada, o rio transborda, ruas viram lagos, casas e carros se afogam, homens, mulheres e crianças fogem. Muitos morrem antes de chegar à outra margem. Este ano os estragos avançaram. Morros, antes sólidos, desmoronaram. Com eles, prédios deslizaram como esquiadores deslizam pela neve. Gritos desamparados avisavam que ali viviam famílias. Os que escaparam descrevem o episódio como “tsunami de barro, lama, pedras”.
Os governantes, em cima da hora, não podem conter a fúria da tormenta Podem, isto sim, reduzir a extensão dos danos. A meteorologia é capaz de informar com antecedência o que os céus preparam. Por que não avisar a população? Por que não evacuar os moradores de áreas de risco? Cenas de famílias que abandonam organizadamente os lares enquanto esperam a tragédia passar são comuns em países que aprenderam a conviver com as forças brutas da natureza.
Passada a tempestade, voltam. Geralmente encontram as casas de pé porque recorreram à engenharia para construir estruturas adequadas às condições locais. Em outras palavras: eles conjugam o verbo prevenir. Santa Catarina & cia. preferem o remediar, verbo de flexão muito mais complicada. Gastam-se bilhões de reais na reconstrução do possível, assistem-se milhares de desabrigados, choram-se centenas de mortes. O saldo desolador permite uma conclusão. Subdesenvolvimento não se improvisa. Cultiva-se.
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