Dizem que as pessoas se dividem em dois grupos. Umas nasceram para dar duro. Outras, para viver no bem-bom. Na língua ocorre o mesmo. Há as palavras batalhadoras e as amantes da sombra e água fresca. Entre as primeiras, estão os verbos que se conjugam em todas as pessoas, tempos e modos. Veja, por exemplo, o laborioso trabalhar: eu trabalho, tu trabalhas, ele trabalha, nós trabalhamos, vós trabalhais, eles trabalham.
Entre as segundas, está o verbo haver. Ele detesta fazer parte de rebanho. Quer ser especial. No sentido de ocorrer e existir, é impessoal. Sem sujeito, só se conjuga na 3ª pessoa do singular: Ontem houve (ocorreram) distúrbios na Venezuela. Havia (Existiam) milhares de venezuelanos nas ruas. Acompanhamos todos os movimentos que houve (ocorreram) no país vizinho.
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A criatura gostou de pôr em prática a lei do menor esforço. Foi além. Estendeu a impessoalidade à contagem de tempo. Aí, só tem vez a 3ª pessoa do singular: Moro aqui há cinco anos. Chegaram há duas horas. Trabalhavam ali havia menos de três meses.
Olha o contágio
A preguiça é contagiosa. A impessoalidade também. Os auxiliares do haver não pensam duas vezes. Tornam-se impessoais: Será que vai haver confrontos na Venezuela? Pode haver distúrbios em praças públicas. Especialistas dizem que deve haver diferentes cenários para o futuro venezuelano.
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